Poesia de Miguel Ângelo Buonarroti inaugura a coleção Itálica da Imprensa Nacional

A colecção, que será apresentada na segunda-feira em Lisboa, lança também em simultâneo as Rimas de Guido Cavalcanti.

Foto
Miguel Ângelo DR

A Imprensa Nacional acaba de lançar uma nova colecção inteiramente dedicada a autores italianos, a Itálica, cujos volumes inaugurais –as Rimas de Miguel Ângelo Buonarroti (1475-1564) e as Rimas de Guido Cavalcanti, que viveu na segunda metade do século XIII – são apresentados na próxima segunda-feira em Lisboa, na biblioteca da própria editora.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Imprensa Nacional acaba de lançar uma nova colecção inteiramente dedicada a autores italianos, a Itálica, cujos volumes inaugurais –as Rimas de Miguel Ângelo Buonarroti (1475-1564) e as Rimas de Guido Cavalcanti, que viveu na segunda metade do século XIII – são apresentados na próxima segunda-feira em Lisboa, na biblioteca da própria editora.

As traduções destas obras –​ “as primeiras em Portugal”, segundo a Imprensa Nacional – conquistaram ambas menções honrosas no Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura de 2017.  A. Ferreira da Silva traduziu a lírica de Cavalcanti e João Pedro Ferrão a de Buonarroti, escultor do David e pintor dos famosos frescos que ornamentam o tecto da Capela Sistina. “E bastariam essas duas obras para definir a grandeza do seu génio”, escreve o poeta Nuno Júdice, que assina o prefácio das suas Rimas e participará esta segunda-feira na apresentação do livro. Se as obras-primas do artista plástico “surgem em todas as obras de referência”, observa Júdice, a poesia de Miguel Ângelo ficou “reservada aos poucos que se interessam pelas letras dessa primeira metade do século XVI”.

Mas a oportunidade de que agora dispõe o leitor português de ler a poesia de Miguel Ângelo “numa admirável tradução" permitir-lhe-á confirmar que, em qualidade e génio, “o poeta não se afasta do pintor”, ajuíza ainda Júdice. “Não encontramos nestes poemas outro fingimento que não seja a expressão do seu mundo e da sua vida; e talvez seja este lado confessional, que por vezes é dado através de uma forma ora satírica ora lírica, que fez desta poesia um objecto difícil de classificar e, por isso mesmo, vivendo no seu tempo e para além do tempo”.

Sobre Guido Cavalcanti, a professora Rita Marnoto –​ a quem caberá apresentar as suas Rimas na sessão de segunda-feira  – refere a “subtileza refinada e altiva” do “poeta-filósofo”, “sempre absorto nas suas abstracções”, e que impôs a sua independência às grandes casas de Florença.

As Rimas de Cavalcanti "são formadas por cerca de meia centena de poemas, a maior parte dos quais sonetos, a que se acrescentam várias baladas, duas canções e duas estrofes de canção”, explica Rita Marnoto, acrescentando que a sua lírica “compreende diversos filões, entre composições de correspondência, de temática amorosa, da esfera meta-literária ou de incidência histórica, não sendo possível estabelecer a sua cronologia relativa nem apurar um sistema de ordenação originário”.

A sessão de lançamento da colecção, que terá lugar às 18h na biblioteca da Imprensa Nacional, terá ainda a presença dos tradutores, do director da colecção, António Mega Ferreira, do director da Unidade de Edições e Cultura da editora, Duarte Azinheira, e do poeta Jorge Reis-Sá, membro do júri do Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura.