Maioria das vítimas do acidente na Madeira transferida para a Alemanha

No hospital do Funchal vai apenas permanecer um ferido de nacionalidade alemã, que não reúne condições para viajar. Marcelo esteve na Madeira, visitou vítimas e familiares e deixou elogios ao socorro. As autópsias foram ontem concluídas.

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Marcelo Rebelo de Sousa à saída do hospital do Funchal, onde visitou as vítimas do acidente EPA/GREGÓRIO CUNHA

Uma das vítimas do acidente com o autocarro de turistas alemães ocorrido quarta-feira na Madeira, foi transferida na sexta-feira para a Alemanha, num avião-hospital disponibilizado pelas autoridades germânicas.

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Uma das vítimas do acidente com o autocarro de turistas alemães ocorrido quarta-feira na Madeira, foi transferida na sexta-feira para a Alemanha, num avião-hospital disponibilizado pelas autoridades germânicas.

A transferência foi articulada entre as autoridades de saúde madeirenses e as equipas médicas que chegaram quinta-feira ao Funchal, integradas na comitiva do ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas.

Ainda neste sábado terão sido transferidas para a Alemanha outras 12 vítimas (seis mulheres e seis homens), permanecendo no Hospital Dr. Nélio Mendonça uma única vítima (do sexo feminino) que — explicou ao início da noite a presidente do conselho de administração do Serviço Regional de Saúde, Tomásia Alves — não reúnia condições para ser transportada no avião-ambulância para a Alemanha.

Assim, na sequência do despiste de autocarro com turistas alemães que provocou 29 mortos e 27 feridos no Caniço (cidade a leste do Funchal, que é a segunda região turística da ilha), vão continuar hospitalizadas na Madeira três vítimas: uma de nacionalidade alemã e duas portuguesas.

Em relação às 29 vítimas mortais, a transladação dos corpos ainda não tem data definida. A maioria das autopsias, indicou ao PÚBLICO a coordenadora do Ministério Público (MP) na Madeira, Maria de Lurdes Correia, está concluída, mas as autoridades portuguesas ainda não receberam da congénere alemã as fichas de identificação que permitam o reconhecimento dos cadáveres.

“As autópsias deverão ficar todas concluídas até sábado de manhã, mas há factores externos que não dependem de nós”, disse a procuradora do MP, sem se comprometer com datas para a conclusão da peritagem ao autocarro. “O inquérito foi aberto de imediato. Ordenámos a remoção dos corpos e a recolha de toda a prova, e a peritagem está a ser feita por técnicos qualificados”, acrescentou, deixando elogios à PSP, Polícia Judiciária e à procuradora Miguel Silva, que está a coordenar o inquérito. “Todos, incluído a comunicação social, fizeram um trabalho exemplar”, resumiu.

Os elogios às autoridades regionais, nomeadamente as que participaram no socorro às vítimas, já tinham sido feitos ao longo do dia pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa aterrou no Funchal ao início da tarde, para levar a “solidariedade do país” às vítimas do acidente.

A primeira paragem do chefe de Estado foi precisamente o local do despiste, onde depositou uma coroa de flores com a “sentida homenagem do Presidente da República”, repetindo o gesto que Heiko Maas, tinha feito na véspera.

“A opinião de todos os pacientes alemães com os quais falei, todos, sem excepção, foi de gratidão”, disse mais tarde, já à saída do hospital, onde visitou as vítimas do despiste. Numa conferência de imprensa improvisada, que contou com a presença do embaixador da Alemanha em Lisboa, Christof Weil, o Presidente da República disse ser “reconfortante”, no meio da tragédia, saber que os feridos partem com a convicção de que o socorro e os cuidados médicos foram feitos da melhor forma. “Confirma a qualidade desta instituição [Hospital Dr. Nélio Mendonça], que é garantida pelas pessoas que aqui trabalham”, afirmou, sublinhando a disponibilidade do pessoal hospitalar. “Muitos nem estavam ao serviço, mas acorreram logo.”

Ainda no hospital, Marcelo teve tempo para se encontrar-se com o “senhor Zé” (o motorista) e com “a Carlota” (a guia turística). “A Carlota é uma mulher de armas e já está a dar a volta por cima”, contou aos jornalistas, declinando falar sobre as perícias que estão a ser feitas ao autocarro, para apurar as causas do acidente. “O tempo, agora, está demasiado denso para falar sobre isso”, justificou, dizendo que esse trabalho está a ser feito pelas autoridades competentes.

Antes, ainda no local do acidente, Marcelo explico que estava na Madeira para deixar três palavras. Uma de conforto, para as vítimas e familiares do acidente. Outra de elogio, para as equipas de socorro pelo extraordinário trabalho que fizeram logo nos primeiros instantes. E outra de determinação, para todos os madeirenses. “O caminho é para a frente”, disse o Presidente.

Mais tarde participou numa homenagem, na Igreja Presbiteriana do Funchal, uma das duas cerimónias religiosas que decorreram durante a tarde na cidade em memória das vítimas mortais (11 homens e 18 mulheres, todas de nacionalidade alemã) daquele que foi o mais mortífero acidente rodoviário na história do arquipélago.

Autópsias concluídas

Já durante a noite desta sexta-feira o Ministério da Justiça anunciou que o Instituto Nacional de Medicina Legal e a Polícia Judiciária concluíram o trabalho conjunto de autópsia e recolha de dados post mortem relativos às vítimas do acidente da Madeira. “Aguardam-se os dados ante mortem (impressões digitais, fichas dentárias e outros) por parte das autoridades alemãs, processo sempre complexo nestas ocasiões”, acrescentou o Ministério da Justiça, que conta que levantamento, do qual depende a confirmação de identidades, fique também concluído neste sábado.