Esta página envergonha quem desrespeita os parques — tudo pelo Instagram
Um “vigilante” online decidiu envergonhar publicamente quem, por uma fotografia “imperdível” para o Instagram, ameaça os parques e florestas dos EUA. E já começou a semear mudanças.
A pequena cidade de Lake Elsinore vê a sua população mais do que duplicar na altura em que as suas terras começam a florir — e as primeiras imagens de uma mancha cor de laranja imensa começam a brotar no Instagram. Nas últimas semanas, as dezenas de milhares de visitantes, uma afluência maior do que em anos anteriores, provocaram aquilo a que os residentes e entidades locais começaram a chamar “apocalipse de tulipas".
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A pequena cidade de Lake Elsinore vê a sua população mais do que duplicar na altura em que as suas terras começam a florir — e as primeiras imagens de uma mancha cor de laranja imensa começam a brotar no Instagram. Nas últimas semanas, as dezenas de milhares de visitantes, uma afluência maior do que em anos anteriores, provocaram aquilo a que os residentes e entidades locais começaram a chamar “apocalipse de tulipas".
Além das filas de carros a entupir as estradas e do lixo, há visitantes que desrespeitam os trilhos que permitem um passeio sem destruição: tudo para conseguirem uma fotografia entre as flores. Não era o destaque que esperavam, mas alguns influenciadores digitais, marcas e instagrammers viram depois estas mesmas imagens serem partilhadas numa página com um nome mordaz: “Our public lands hate you”. Ou, em português, as nossas terras públicas odeiam-vos.
É o “muro da vergonha” de um movimento criado por um “vigilante” online — um homem de 31 anos, que permanece anónimo — que decidiu envergonhar publicamente quem, por uma fotografia “imperdível”, ameaça os parques e florestas norte-americanos. As redes sociais começaram a transformar “pegadas digitais” em “pegadas físicas” que começam a ter “um impacto negativo no mundo real”, escreve “quem estava farto de ver pessoas a destruírem os seus locais favoritos”.
O objectivo principal do movimento, diz, é educar e gerar uma cadeia de pessoas que estão atentas aos erros. E já começa a ter resultados. O YouTube, por exemplo, retirou uma imagem que tinha partilhado na sua conta de Instagram (com 18 milhões de seguidores), onde se viam duas mulheres deitadas no meio das papoilas, na Califórnia. O mesmo fizeram outros utilizadores — como uma mulher que publicou uma foto onde aparecia a segurar um ramos de flores que arrancou, raízes incluídas — e marcas que prometeram deixar de trabalhar com pessoas que desobedecessem às regras de protecção de vida selvagem.
“Tens estes influenciadores que têm acesso a 100 mil pessoas. Eles estão a publicar coisas e acho que nem eles percebem o impacto que aquela imagem poderá ter. E há um efeito exponencial”, conta o responsável pelo movimento de responsabilização social ao The Guardian. Quando uma determinada localização passa a ser mais vezes identificada, por geolocalização ou hashtags, começa a registar um maior número de visitantes e, consequentemente, de publicações, acredita. “Se toda a gente pensasse só um bocadinho mais sobre as suas acções e os impactos que elas podem ter no ambiente e noutras pessoas, acho que muitos dos nossos maiores problemas seriam muito mais facilmente resolvidos.”