Altice cria nova empresa de Serviços Técnicos, sindicatos desconfiam

Nova empresa pretende reunir os trabalhadores da actual direcção de operações. Sindicatos têm “dúvidas” e falam em “agenda estratégica” para “reduzir os efectivos”.

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Alexandre Fonseca é o líder do comité executivo da Altice Portugal Nuno Ferreira Santos

Os vários sindicatos que representam os trabalhadores da Altice Portugal manifestaram-se apreensivos quanto à nova empresa, a Meo Serviços Técnicos, criada para englobar os cerca de dois mil trabalhadores que actualmente estão na direcção de operações.

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Os vários sindicatos que representam os trabalhadores da Altice Portugal manifestaram-se apreensivos quanto à nova empresa, a Meo Serviços Técnicos, criada para englobar os cerca de dois mil trabalhadores que actualmente estão na direcção de operações.

O objectivo da gestão da empresa é, segundo os diversos sindicatos, “reforçar o nível de autonomia e agilidade da qualidade de serviço”. Mas estas estruturas sindicais – STPT, Sinttav, Stt, SNTCT, FE e Sinquadros – dizem ter “dúvidas” sobre as intenções da Altice Portugal. “Os objectivos que nos foram comunicados por certo não são os essenciais que estão na origem do projecto”, pois, para isso, “não seria necessário criar uma nova empresa”, defendem os sindicatos num comunicado conjunto.

Os sindicatos, que dizem terem sido “totalmente surpreendidos” com o anúncio feito na segunda-feira, sustentam que “reduzir os efectivos da Meo/Altice faz parte da agenda estratégica” da empresa liderada por Alexandre Fonseca e referem que, “para atingir esses objectivos”, a Altice Portugal encontrou “um novo figurino”, que são os contratos de cedência ocasional.

“A cedência ocasional prevista no ACT [acordo colectivo de trabalho] e na lei não se compara com a transmissão de estabelecimento, são processos organizativos completa e juridicamente totalmente diferentes”, reconhecem as estruturas sindicais.

Ainda assim, recordam que “só pode haver cedência ocasional quando as três partes envolvidas (Trabalhador, Cedente e Cessionária) estiverem de acordo”. Referem também que, no caso concreto, concretizar a cedência ocasional pressupõe “a percepção exacta da sua necessidade organizativa e estratégica, da vontade dos trabalhadores envolvidos e do diálogo e negociação com os sindicatos”.

Dizendo que existem “várias dúvidas que urge esclarecer” junto da equipa de gestão executiva, afirmam ter pedido “uma reunião urgente” ao presidente executivo. Além disso, preparam-se para “realizar reuniões conjuntas nos locais de trabalho a partir do dia 1º de Maio, para partilhar informações, ouvir os trabalhadores e tomar decisões colectivas”.

A Altice Portugal é “uma empresa de serviços”

Na segunda-feira, em declarações à Lusa, Alexandre Fonseca justificou a criação da nova estrutura e explicou que, actualmente, a responsabilidade de manutenção de rede no grupo Altice Portugal está a cargo da Direcção de Field Operations (DOI), enquanto a instalação e manutenção de clientes, tal como a manutenção da rede propriamente dita, estão a cargo dos fornecedores de serviços TNord e SudTel.

“Temos duas entidades, a TNord e a SudTel, empresas que fazem parte de um universo chamado Altice Technical Services, que são detidas em parte pelo grupo Altice” e o “que acontece é que essas empresas passarão a estar, do ponto de vista societário, também incluídas neste universo chamado Meo Serviços Técnicos”, explicou o gestor.

Referindo que a reorganização societária deverá estar concluída até final deste semestre, o presidente da Altice salientou que o mecanismo de cedência ocasional tem carácter voluntário e garante ao trabalhador a manutenção das condições laborais, como também a possibilidade de retorno à empresa de origem.

Alexandre Fonseca reiterou que a Altice Portugal pretende ser “cada vez mais uma empresa de serviços”, “reconhecida pela sua qualidade de serviços ao cliente”.