A Guerra dos Tronos: crónicas de uma cientista
Ao longo de sete temporadas, A Guerra dos Tronos deixou uma marca em várias áreas. A Ciência não ficou indiferente e foram feitos vários estudos inspirados na série.
Dragões, magia, amores, desamores, intrigas, Inverno a chegar. Sim, é de A Guerra dos Tronos que vos falo. De quê mais? Estava tudo a pensar no mesmo. Durante semanas, meses, anos, fãs em suspenso à espera do primeiro episódio da úl-ti-ma temporada. Já está, episódio visto. E agora a pergunta que me surge — mas afinal que fenómeno é este?
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Dragões, magia, amores, desamores, intrigas, Inverno a chegar. Sim, é de A Guerra dos Tronos que vos falo. De quê mais? Estava tudo a pensar no mesmo. Durante semanas, meses, anos, fãs em suspenso à espera do primeiro episódio da úl-ti-ma temporada. Já está, episódio visto. E agora a pergunta que me surge — mas afinal que fenómeno é este?
Nem vale a pena detalhar as relações complicadas entre famílias e familiares, e as suas jogadas para chegar ao trono, nem os acontecimentos mais marcantes entre casamentos coloridos, nascimentos ou eclodir de ovos. E também não vale a pena lembrar as frases mais emblemáticas, como Winter is coming ou que Snow sabe nothing, porque estou certa que sobre isso já viram tudo e mais um par de dragões.
Como cientista, olhei em volta e tentei perceber como se comporta esta espécie Homo sapiens sapiens thrones. Na realidade, encontrei mesmo de tudo. Há os que acompanham religiosamente desde o primeiro episódio em 2011; os que tiveram uma relação complicada e foram vendo intermitentemente em maratonas; os que não aguentam spoilers e se fecham até ver o episódio, e os que adoram atazanar os demais com spoilers; os que leram os livros e deixaram de ver a série; os que leram os livros e viram ainda mais a série; os que lêem todas as teorias sobre as personagens e os que fazem ainda mais teorias. Há ainda os que só agora viram pela primeira vez, os que vêem sempre todas as temporadas quando uma nova surge e, claro, os que se recusam a ver, nem que seja para manter a posição de o que Inverno não lhes chega. E tudo isto à volta do que já muitos críticos conceituados (e críticos de sofá) consideraram a melhor história de fantasia escrita.
Ao longo das suas sete temporadas, a série deixou assim, e vai deixar ainda mais, uma marca não apenas na cultura televisiva e nos seus fãs, mas em tantas mais áreas. A Ciência não ficou indiferente e foram feitos vários estudos inspirados na série:
O ambiente
Com um clima imprevisível, estações do ano que não seguem o ciclo anual, a base desta história — a guerra entre o Fogo e o Gelo — leva-nos a um problema bem actual mas que remonta há muito tempo: a crise climática. Cientistas já fizeram comparações com a realidade e até tentaram explicar essas alterações na série. Em última análise, é dado um alerta para a tendência que os humanos têm de lutar entre si enquanto o mundo à volta está a ser destruído por uma ameaça maior — os White Walkers ou como quem diz o aquecimento global.
A matemática
Entre tantos personagens, mortes, lutas de poder, voltas e reviravoltas, só mesmo um algoritmo matemático e a inteligência artificial podem resolver a complexidade desta trama. Um grupo de estudantes alemães desenvolveu um algoritmo capaz de prever quais as personagens que podem morrer. Com uma busca detalhadíssima de todos os dados que existem na Internet, analisaram esses mesmos dados através de inteligência artificial dando as hipóteses de sobrevivência de cada um dos personagens nesta úl-ti-ma temporada de A Guerra dos Tronos (para os que ficaram curiosos, fica a dica — em 2016 acertaram com precisão na ressurreição de Jon Snow).
A fisiologia
Até os batimentos cardíacos dos espectadores foram alvo de estudo, para tentar perceber afinal o que os emocionava mais. Da tensão dramática entre os personagens às cenas de sexo ou aos confrontos entre espadas, existem momentos que fazem o coração de cada fã bater mais forte. E não é tanto por causa da violência ou do sangue, é mesmo devido ao drama, a alguma ligação afectiva e aos diálogos intensos.
A psicologia
Em última análise, a história gira em torno de quem consegue sentar-se no Trono de Ferro, o que culmina numa verdadeira luta psicológica, que é camuflada com as espadas, os dragões e toda a fantasia. Tal como na vida real, não basta o poder, o dinheiro ou ter o maior batalhão; a chave para a sobrevivência e a vitória é mesmo a personalidade.
A sociologia
Em suma, e fazendo uma análise sociológica ou até quase filosófica, chego a uma só conclusão. A ligar os Sete Reinos, dragões, famílias reais, bastardos e batalhas, está aquilo que vemos todos os dias mas que ali nos fascina: nós próprios, a nossa sociedade e as suas intrigas, jogos de poder, amores e traições, vinganças e alianças.
E, com isto, aguardemos pelo próximo episódio. Enquanto isso: bons jogos de tronos diários, para todos!