Netflix revela audiências de Umbrella Academy ou Triple Frontier – e o que pensa da concorrência da Disney e Apple
Serviço conta agora com 148,9 milhões de assinantes e mantém planos de subir preços em alguns países da Europa.
Nestes meses antes da chuva de novos serviços de streaming, há duas formas de olhar para os números revelados na terça-feira pelo Netflix: a plataforma ganhou 9,6 milhões de novos assinantes no primeiro trimestre de 2019 apesar da concorrência crescente; ou a plataforma perdeu gás na sua capacidade de angariar novos clientes ao prever que o número de subscritores caia no trimestre em que estamos. Há também uma terceira via, porque o serviço voltou a revelar raros dados sobre as audiências de séries como Umbrella Academy (45 milhões de lares) ou Our Planet (25 milhões), e reiterou que vai aumentar os seus preços.
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Nestes meses antes da chuva de novos serviços de streaming, há duas formas de olhar para os números revelados na terça-feira pelo Netflix: a plataforma ganhou 9,6 milhões de novos assinantes no primeiro trimestre de 2019 apesar da concorrência crescente; ou a plataforma perdeu gás na sua capacidade de angariar novos clientes ao prever que o número de subscritores caia no trimestre em que estamos. Há também uma terceira via, porque o serviço voltou a revelar raros dados sobre as audiências de séries como Umbrella Academy (45 milhões de lares) ou Our Planet (25 milhões), e reiterou que vai aumentar os seus preços.
“Estamos a trabalhar numa série de aumentos de preços nos EUA. Brasil, México e em algumas partes da Europa”, lê-se na carta aos accionistas que a empresa enviou na terça-feira. As motivações já são conhecidas há meses: o seu volume de produção original, do cinema nomeado para os Óscares às séries para Emmy passando pela produção em países estrangeiros e contratos de exclusividade com autores como Shonda Rhimes ou Ryan Murphy, assim o obriga. Um episódio de Stranger Things custa cerca de 8 milhões de dólares e um filme como Roma cerca de 15 milhões.
Na mesma missiva, o serviço promete novos conteúdos de força para o segundo semestre, mas só associa uma data de estreia ao regresso de Stranger Things (4 de Julho, dia já divulgado em Janeiro), avançando ainda que a terceira temporada de The Crown chegará nos últimos meses do ano, bem como A Casa de Papel ou Orange is the New Black, bem como “grandes filmes como Six Underground, de Michael Bay, e The Irishman, de Martin Scorsese”.
É nesse documento que o serviço faz o que fizera já em Janeiro com You ou Sex Education, escolhendo os títulos em relação aos quais queria dar números públicos: fala dos 45 milhões de lares a que chegou a série de super-heróis Umbrella Academy – “outro grande êxito” – e dos 52 milhões de assinantes que assistiram ao filme Triple Frontier, com Ben Affleck, bem como os mais de 40 milhões que viram o filme The Highwaymen com Kevin Costner e Woody Harrelson.
O documentário Fyre: The Greatest Party That Never Happened, sobre o festival falhado que se tornou um caso de redes sociais e celebridade, foi visto em mais de 20 milhões de casas com subscrição Netflix no seu primeiro mês de presença no serviço. Outro caso de sucesso na perspectiva do serviço é a série Our Planet, cuja pegada mediática tem sido notória e que está em vias de ser um dos lançamentos globais mais bem-sucedidos de uma série documental para o Netflix (estima que 25 milhões de casas com conta no Netflix vejam o programa no seu primeiro mês). A empresa revelou ainda que vai fazer um teste no Reino Unido com a disponibilização de listas dos 10 programas mais vistos.
O documento congratula-se com os actuais 148,9 milhões de assinantes Netflix em todo o mundo, número que ainda assim fez as acções da empresa cair 6% porque na carta aos accionistas também se estima que só 5 milhões de novas contas sejam criadas até ao final de Junho, uma desaceleração do seu apelo. Ainda assim, este trimestre a empresa bateu recordes com 1,74 milhões de subscrições nos EUA (que ainda assim representam uma quebra de ritmo no seu maior mercado, actualmente com 60 milhões de assinantes) e com as assinaturas internacionais a ascender aos 7,86 milhões.
“Recentemente, a Apple e a Disney revelaram os seus serviços”, lê-se na secção “Concorrência” do documento do Netflix. A empresa diz-se “entusiasmada por concorrer” com duas marcas de alto nível mas sublinha que não prevê que estes novos players afectem o crescimento da plataforma dominante no mundo, “porque a transição do linear [o audiovisual convencional] para o on demand é tão gigantesca e pela natureza diferente da oferta de conteúdos”. Contudo, tanto a Apple TV+ quanto o Disney+ são vistos no mercado como fortes concorrentes da quase hegemonia Netflix.
Em particular, é a oferta da Disney, carregada de franchises de entretenimento blockbuster como Star Wars ou Marvel e com um preço mensal dois dólares abaixo do custo Netflix, que é vista como uma ameaça ao serviço. O facto de a oferta crescente de serviços de streaming pertencentes a cada canal ou estúdio também ir baralhar e voltar a dar os contratos de distribuição dos seus títulos também pode diminuir a espessura do catálogo actual do Netflix. “Se olharmos para os 10 programas mais vistos no Netflix, são todos marcas originais Netflix”, desdramatizava terça-feira Ted Sarandos, presidente responsável pelos conteúdos do serviço, num vídeo de perguntas e respostas da empresa.