Ainda não se descobriram causas para aumento da mortalidade infantil
Directora-geral da Saúde diz que perfil da grávida e das gravidezes parecem estar a sofrer alterações em Portugal.
A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou hoje que não foram identificadas causas que expliquem o aumento da mortalidade infantil em 2018, tudo indicando que será um fenómeno multifactorial.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou hoje que não foram identificadas causas que expliquem o aumento da mortalidade infantil em 2018, tudo indicando que será um fenómeno multifactorial.
Ouvida esta terça-feira na comissão parlamentar de Saúde a pedido do PSD para um “esclarecimento cabal" da questão e "eventuais medidas tomadas para contrariar o referido aumento”, a mesma responsável explicou que os peritos que não identificaram causas para o sucedido. Dados da Direcção-Geral da Saúde indicam que a taxa de mortalidade infantil foi no ano passado de 3,28 mortes por cada mil nados vivos, quando em 2017 tinha sido de 2,69 e em 2016 de 3,24.
“Todos os peritos que foram consultados foram unânimes. Olhando para todos os dados não conseguiram identificar nenhuma associação causal e tudo indica que o fenómeno da mortalidade infantil será multifactorial e que os perfis da grávida e das gravidezes parecem estar a sofrer alterações no nosso país”, afirmou. Para a directora-geral da Saúde, isto implica “uma pressão evidente sobre os próprios limites biológicos, bem como sobre os recém-nascidos e os cuidados da mulher”.
Graça Freitas explicou que um recém-nascido poderá apresentar-se “mais frágil e mais vulnerável porque vem de condições que à partida serão menos favoráveis”, o que faz parte de uma mudança cultural.”Os serviços de saúde têm que olhar para isto e tentar encontrar respostas adequadas, como fomos capazes com os perfis que tínhamos no passado”, sustentou.
Perante esta realidade, a Direcção-Geral da Saúde vai fazer recomendações, com o objectivo de identificar estes perfis e adequar cuidados às novas necessidades.”Se está a emergir uma nova realidade temos de exercer uma vigilância activa e mais apertada sobre estes novos perfis no sentido de confirmar se estão a ocorrer e de melhor os entender”, disse.
Para Graça Freitas, a saúde sexual reprodutiva materno-infantil tem que se ajustar aos diferentes perfis que estão a emergir, em cuidados de vigilância pré-natal e perinatal. No passado dia 25 Janeiro, a DGS anunciou a constituição de um grupo de trabalho para estudar a mortalidade infantil.
Em declarações anteriores, Graça Freitas adiantou que 194 dos 289 óbitos infantis registados em 2018 ocorreram na fase neonatal, ou seja, até aos 28 dias de vida. Dessas 194 mortes, 100 tinham sido bebés prematuros de gestações com menos de 28 semanas, que são considerados os “grandes prematuros” e apresentam maior risco de mortalidade e de complicações associadas.