O taxista da mota que espera ser eleito deputado
São muitos os candidatos pouco convencionais nas maiores eleições do mundo: um antigo campeão de boxe, uma mulher que não está à vontade com o seu nome e “Mikhail Gorbachev”.
O único motorista de uma moto-táxi candidato ao parlamento nacional na Indonésia diz que não pode pagar os outdoors ou os concertos de música usados pelos outros candidatos para conseguirem apoio dos eleitores.
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O único motorista de uma moto-táxi candidato ao parlamento nacional na Indonésia diz que não pode pagar os outdoors ou os concertos de música usados pelos outros candidatos para conseguirem apoio dos eleitores.
Suhandi entrega canetas e auto-colantes aos colegas motoristas e promete-lhes lutar por melhores condições de vida se conseguir ser eleito nas eleições legislativas que também se realizam nesta quarta-feira.
É um dos 245 mil candidatos nesta campanha simultânea para o parlamento e a presidência na que é a terceira maior democracia do mundo, a seguir à Índia e aos Estados Unidos.
“Uma vez que não tenho dinheiro, faço um estilo de campanha porta-a porta, cara-a-cara, e falando com os meus colegas motoristas de moto-táxi”, diz Suhandi, que tem 40 anos e usa apenas um nome.
Pai de um rapaz de dois anos, ganha certa de 150 mil rúpias (à volta de nove euros) por dia a transportar passageiros pela capital da Indonésia, Jacarta, e trabalha frequentemente sete dias por semana para conseguir mais do que o salário mínimo.
“Sou provavelmente o candidato mais pobre”, brinca Suhandi, candidato do Partido Nacional Despertar (PKB), que faz parte da coligação que apoia a reeleição do Presidente Joko Widodo.
“Se ganhar, legalizo as moto-táxi como forma de transporte público”, diz Suhandi acrescentando que tentará conseguir um lugar na comissão parlamentar dos transportes.
Na sua campanha defendeu seguros para os motoristas e preços mínimos para as corridas das moto-táxi.
O número de motoristas de moto-táxi na maior economia do Sudeste Asiático aumentou com as aplicações de telemóvel que oferecem passeios ou serviços de entrega de alimentos. Muitos motoristas queixam-se de trabalhar longas horas por baixos salários.
Mas Suhandi não é o único candidato pouco convencional nestas eleições, descritas como as maiores do mundo porque concentram muitas votações num só dia.
O antigo campeão de boxe peso-pluma Yohannes Christian “Chris” John também é candidato a um lugar no parlamento. E uma estrela da música pop e actriz, Krisdayanti também.
E há muitos candidatos com nomes sonantes, que se tornaram virais nas redes sociais. “Mikhail Gorbachev” é candidato do PSI, um partido que tem os eleitores mais jovens como alvo. E Fransisca Santa Clause é candidata de um partido islâmico nas eleições locais na ilha de Java.
Clause, que não se sentia à vontade com o seu nome, mas decidiu candidatar-se ao ter o apoio da família e do seu partido, explica o portal Detik.com.
O caminho para o parlamento não é fácil.
Suhandi é um dos 108 candidatos por uma zona Jacarta e espera conseguir votos suficientes para “apanhar” um dos oito lugares disponíveis.
“Se falhar, vou continuar no meu trabalho na moto-táxi”, diz. “If I fail, I will continue my job as a motorbike taxi driver,” he said.