Guiné Equatorial responsabiliza antigos colonizadores pela instabilidade em África
Presidente Teodoro Obiang realiza visita de Estado a Cabo-Verde.
O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, responsabilizou nesta segunda-feira os antigos colonizadores de África pela instabilidade no continente, acusando-os de promoverem a divisão entre os africanos.
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O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, responsabilizou nesta segunda-feira os antigos colonizadores de África pela instabilidade no continente, acusando-os de promoverem a divisão entre os africanos.
“Temos de assegurar o desenvolvimento, a estabilidade dos nossos países. O continente africano sofre muita instabilidade devido à pretensão dos antigos colonialistas que não querem que África avance”, disse Obiang Nguema, numa declaração à imprensa, durante o primeiro dia da visita de Estado a Cabo Verde
E acrescentou: “Por isso, temos muitas dificuldades nas relações com os países coloniais que nos dão freio ao desenvolvimento para que África chegue a ser uma entidade com características próprias, com força própria”.
Para Teodoro Obiang, os países africanos, como a Guiné Equatorial e Cabo Verde, são os únicos que podem fazer “uma política solidária, africana”.
“Estamos divididos em grupos. A nossa forma de falar está-nos a dividir. Este é um aspecto que não tem de dividir África”, disse, considerando que “alguns países colonialistas pensam que têm uma influência especial em relação às antigas colónias”. Em relação a esses países colonialistas, salientou: “Os culpados somos nós, porque os seguimos. Não temos que os seguir”.
Quanto a Cabo Verde, mostrou-se satisfeito e disponível para aprender com o país e enalteceu a cooperação entre os dois Estados. A esse propósito, disse que a segurança foi outro dos aspectos abordados no encontro entre os dois presidentes.
Teodoro Obiang disse preferir “a cooperação técnica, económica e cultural com Cabo Verde do que pedir a cooperação com outros países que vão dar a sua influência para pisar”. O chefe de Estado defendeu um incremento do intercâmbio económico entre os dois países em áreas como os produtos alimentícios e medicamentosos, com o objectivo de se libertarem das dependências das importações.
Obiang lamentou também que, a nível da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), muitos dos acordos que têm sido assinados não estejam a ser aplicados. Por essa razão, defendeu a realização de mais encontros, seja a nível dos Presidentes ou dos membros dos Governos.
Por seu lado, o Presidente da República cabo-verdiano contou que na reunião que manteve com Obiang, este manifestou-se “muito interessado” em ter na Guiné Equatorial professores cabo-verdianos de língua portuguesa”.
“É um aspecto a que vamos dar uma atenção muito especial, porque seria uma forma de nós cooperarmos para a intensificação, a difusão da língua portuguesa na Guiné Equatorial, que é um dos compromissos assumidos no quadro da CPLP”, disse.
Na visita de Estado que agora começou, Teodoro Obiang vai estar nas ilhas de Santiago e São Vicente.
Após o encontro entre os dois chefes de Estado, decorrerá um encontro entre as duas delegações, chefiadas pelos respectivos ministros dos Negócios Estrangeiros.
À noite, o Presidente de Cabo Verde oferece um banquete a Teodoro Obiang no Palácio da Presidência da República.
O segundo dia da visita começa com uma visita ao primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, seguindo-se uma recepção no Palácio da Assembleia Nacional e visitas ao Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSI) e o Data Center. À tarde, a comitiva desloca-se à Cidade Velha, para um percurso guiado com o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, antes de uma visita ao Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial e à Escola de Hotelaria e Turismo. Para esse dia está agendada a assinatura de acordos bilaterais de cooperação.
Na quarta-feira, último dia da visita, a delegação presidencial da Guiné Equatorial desloca-se à ilha de São Vicente, onde será recebida pelo presidente da Câmara Municipal. Segue-se um encontro de trabalho com o ministro da Economia Marítima e visitas ao Centro Oceanográfico e ao antigo ISECMAR.
Teodoro Obiang Nguema é o Presidente africano há mais anos no poder, desde 1979.