Bruxelas pede explicações a Guiné Equatorial sobre líder da oposição preso

Teodoro Obiang estará em Cabo Verde até quarta-feira a convite do Governo da Praia, que tem presidência rotativa da CPLP. Primeiro-ministro cabo-verdiano disse em Lisboa que vai falar sobre a prisão arbitrária de Andrés Esono Ondo com Obiang.

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A União Europeia pediu explicações aos governos da Guiné Equatorial e do Chade, onde um líder da oposição ao ditador Teodoro Obiang foi detido há cinco dias sem acusação.

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A União Europeia pediu explicações aos governos da Guiné Equatorial e do Chade, onde um líder da oposição ao ditador Teodoro Obiang foi detido há cinco dias sem acusação.

Com este gesto, o Serviço Europeu de Acção Externa (SEAE) junta-se à diplomacia portuguesa e cabo-verdiana, que este fim-de-semana declararam de forma pública a preocupação com Andrés Esono Ondo, secretário-geral da Convergência para a Democracia Social (CPDS), um dos partidos da oposição da Guiné Equatorial, que há anos denuncia brutais violações dos direitos humanos praticadas pelo regime.

Tanto o gabinete da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, também vice-presidente da Comissão Europeia, em Bruxelas, como o delegado do SEAE em Djamena, o embaixador Bertrand Soret, estão a fazer diligências sobre a detenção de Esono Ondo junto dos governos do Chade e da Guiné Equatorial.

A diplomacia europeia já contactou as autoridades do Chade, pedindo informação sobre o caso e expressando preocupação, disse ao PÚBLICO o embaixador Bertrand Soret, que acompanha de perto a situação. Nas próximas horas, o diplomata do SEAE deverá ser recebido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Chade, em Djamena, para falar sobre o assunto.

A diplomacia portuguesa também está a fazer diligências sobre Esono Ondo em várias frentes, disse ao PÚBLICO fonte diplomática portuguesa.

O ditador Teodoro Obiang faz nesta segunda-feira uma visita oficial a Cabo Verde, a convite do Governo da Praia, que até 2020 tem a presidência rotativa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse numa conferência de imprensa em Lisboa, no sábado, no final da 5.ª Cimeira Luso-Cabo-verdiana, que ia abordar a detenção arbitrária de Esono Ondo com o ditador da Guiné Equatorial. Cabo Verde definiu como ambição que o regime de Malabo elimine a pena de morte até ao fim da sua presidência da CPLP, em Julho de 2020.

A visita dura três dias e está prevista a assinatura de acordos bilaterais de cooperação. Obiang deverá visitar as ilhas de Santiago e São Vicente. O ditador guinéu-equatoriano vai visitar a Assembleia Nacional, o Núcleo Operacional da Sociedade de Informação, o Data Center, o Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial, a Escola de Hotelaria e Turismo e o Centro Oceanográfico.

A Guiné Equatorial foi aceite na CPLP há cinco anos, com a condição de abolir a pena de morte, o que ainda não aconteceu.