Plano de paz americano para o Médio Oriente não contempla Estado Palestiniano
O jornal The Washington Post avança dados sobre o plano concebido por Jared Kushner, genro de Trump. Grupo de ex-governantes pede à União Europeia que o rejeite.
A proposta de paz que os Estados Unidos vão avançar para pôr fim ao conflito israelo-palestiniano — apregoado como “o negócio do século” — não deve incluir um Estado palestiniano soberano, avança o jornal The Washington Post.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A proposta de paz que os Estados Unidos vão avançar para pôr fim ao conflito israelo-palestiniano — apregoado como “o negócio do século” — não deve incluir um Estado palestiniano soberano, avança o jornal The Washington Post.
Segundo disseram fontes ligadas à proposta, o texto enuncia melhorias consideráveis para a vida dos palestinianos mas não assegura um Estado Palestiniano.
Espera-se que a Casa Branca revele muito em breve a proposta — foi prometida para depois das eleições israelitas, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu venceu —, que foi elaborada por uma equipa chefiada por Jared Kushner, genro e conselheiro do Presidente Donald Trump.
A proposta não é conhecida, mas comentários feitos por Kushner e por outros altos responsáveis sugerem que “elimina a condição de haver um Estado como a premissa inicial dos esforços de paz”, escreve o jornal.
O Washington Post acrescenta que o plano de paz se centra fortemente na segurança de Israel e em propostas sobre grandes infra-estruturas e produção industrial na Faixa de Gaza.
Qualquer plano de paz tem que ser aceite como base de trabalho, quer por israelitas, quer por palestinianos, assim como pelos Estados do Golfo.
O processo de paz está parado e as tentativas para o reavivar depois do fracasso dos Acordos de Oslo (1993) foram infrutíferos. O Presidente Bill Clinton conseguiu fazer com que as duas partes regressassem às negociações, em 2000, mas o acordo alcançado na altura também falhou. Desde então, os desenvolvimentos no terreno, nomeadamente o crescimento dos colonatos em território ocupado, e conflitos armados têm minado o processo. No ano passado, o diálogo ficou mais uma vez comprometido quando o Presidente Donald Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel e mudou para lá a embaixada dos EUA. Jerusalém Oriental é reivindicada como capital de um futuro Estado Palestiniano e havia um consenso de manter o seu estatuto de neutralidade.
Após a divulgação da notícia, um grupo de antigos governantes europeus escreveu uma carta, que enviou ao jornal britânico The Guardian, a pedir à União Europeia e aos governos europeus que rejeitem qualquer proposta de paz que seja tendenciosa para o lado israelita e que não trate os palestinianos de forma justa.
A carta está assinada por 25 antigos ministros dos Negócios Estrangeiros, seis antigos primeiros-ministros e dois ex-secretários-gerais da NATO.
“É o momento de a Europa defender os seus princípios e parâmetros para a paz israelo-palestiniana”, lê-se na carta que pede uma solução de dois Estados para a região e que é assinada, entre outros por Jean Marc Ayrault, Carl Bildt, Massimo D’Alema, Guy Verhofstadt, Willy Claes, Javier Solana, Mary Robinson David Miliband e Jack Straw.