Na Tailândia, é de cartaz ao ombro que a política está na moda
Acessórios são criados por um jovem designer a partir dos cartazes políticos que encontrou nas ruas de Banquecoque. Objectivo é promover o debate político.
Panupong Chansopa pega em cartazes de campanhas políticas condenados ao lixo e transforma-os em tote bags e mochilas. Fá-lo não só por questões ambientais, mas sobretudo para fomentar um maior espírito crítico e participativo entre os cidadãos, no seguimento das primeiras eleições na Tailândia em oito anos, que decorreram no final de Março.
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Panupong Chansopa pega em cartazes de campanhas políticas condenados ao lixo e transforma-os em tote bags e mochilas. Fá-lo não só por questões ambientais, mas sobretudo para fomentar um maior espírito crítico e participativo entre os cidadãos, no seguimento das primeiras eleições na Tailândia em oito anos, que decorreram no final de Março.
“Isto é mais um despertar para a política e não apenas uma solução amiga do ambiente”, diz Panupong à Reuters. Desde o golpe militar de 2014, a “junta tomou o poder e silenciou o povo”, mas agora “as pessoas querem levantar a voz e expressar-se”. “Antes, os políticos e os partidos eram vistos como irrelevantes, senão mesmo perigosos. Mas agora quero que as pessoas se possam rever na política. Não é preciso fugir ou ter medo de falar sobre isso”, frisa o designer tailandês de 28 anos.
Para isso, Panupong recolheu, em Banquecoque, cerca de 400 cartazes usados na campanha eleitoral, dos mais diversos feitios e cores, com rostos e mensagens de apelo ao voto. Muitos deles aludem a Thanathorn Juangroongruangkit, líder do novíssimo partido Future Forward ("Avançar para o Futuro”, numa tradução livre), que, opondo-se à junta militar vigente, surpreendeu ao ficar em terceiro lugar nas eleições — o político enfrenta actualmente acusações de sedição devido a um caso que remonta a 2015.
Foi na casa de um amigo que o jovem tailandês montou a oficina, onde costura os acessórios. Aqui, os cartazes de vinil são desenrolados e lavados, com uma esponja, água e sabão, e em seguida pendurados. Já secos são cortados e costurados para darem origem a sacos e mochilas. Podem ser levados na mão ou ao ombro e são resistentes à água.
Panupong espera que os acessórios sustentáveis da Faithai — nome da marca que criou — possam provocar o debate político entre a população tailandesa. Os produtos estão à venda por 750 baht (cerca de 21 euros, à taxa de conversão actual) e estão limitados ao stock existente.
O país continua mergulhado num ambiente de confusão pós-eleitoral e há indícios fortes de que a situação política se vai manter indefinida. Tanto os militares como a oposição asseguram ter condições para governar e movimentam-se nesse sentido. A apresentação dos resultados finais foi adiada para 9 de Maio.