Assange tem “de responder pelo que fez”, afirma Hillary Clinton

E-mails da democrata foram publicados pelo WikiLeaks em 2016, em plena campanha eleitoral. Clinton acabaria por perder as eleições para Trump.

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Hillary aproveitou a oportunidade para criticar regime de imigração adoptado por Trump Reuters/STEPHEN YANG

Hilary Clinton disse que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, deveria “responder por aquilo que fez”. Em 2016, a democrata viu a WikiLeaks publicar correspondência electrónica privada durante a campanha eleitoral. Hilllary acabaria por perder as eleições para Donald Trump, que explorou o conteúdo dos e-mails em seu proveito.

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Hilary Clinton disse que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, deveria “responder por aquilo que fez”. Em 2016, a democrata viu a WikiLeaks publicar correspondência electrónica privada durante a campanha eleitoral. Hilllary acabaria por perder as eleições para Donald Trump, que explorou o conteúdo dos e-mails em seu proveito.

Os comentários da antiga primeira-dama foram proferidos num evento em Nova Iorque esta quinta-feira, horas após Julian Assange ter sido detido pelas autoridades britânicas na embaixada do Equador em Londres. Os Estados Unidos da América acusam o denunciante (whistleblower, em inglês) de conspirar um ataque informático à rede secreta do Pentágono.

Assange é ainda acusado de ter trabalhado em parceria com Chelsea Manning, antigo analista de Inteligência no exército norte-americano, para conseguir o acesso à rede informática do Departamento de Defesa em Março de 2010, com o objectivo de obter documentos classificados.

Perante a detenção de Julian Assange, os Estados Unidos demonstraram a vontade de que Julian Assange fosse extraditado para o país, provocando preocupações imediatas sobre as protecções jornalísticas presentes na Primeira Emenda da Constituição norte-americana.

“Acho que é claro que não se trata de castigar o jornalismo”, afirmou Hilary Clinton em relação às acusações contra Assange, garantindo que o âmago da questão não se prende com a liberdade de imprensa, mas sim com “a assistência ao ataque a um computador militar para furtar informações do governo norte-americano”.

Apesar de não discordar com as acusações que a administração imputa ao mentor do WikiLeaks, Hillary Clinton aproveitou a oportunidade para criticar as políticas de imigração de Donald Trump: “Acho que um bocadinho irónico que ele [Julian Assange] seja o único estrangeiro que esta administração queira no país.” 

Julian Assange foi detido esta quinta-feira, após ter passado 2487 dias na embaixada equatoriana. Em 2012, Assange requereu asilo junto do Governo equatoriano para evitar ser extraditado para a Suécia, onde seria julgado por crimes sexuais, que sempre negou ter cometido. A justiça sueca arquivou o caso em Maio de 2017, mas o fundador da WikiLeaks continuou na embaixada equatoriana. 

Em Janeiro de 2018, a permanência de Assange na embaixada foi descrita pela ministra dos Negócios Estrangeiros como “insustentável”. Meses após este comentário, o Equador retirou o acesso à internet e telefone para que Assange não pudesse comentar assuntos de política internacional. Durante o mês de Março, Lenin Moreno, Presidente do Equador, acusou Assange de ter divulgado a sua informação pessoal. María Paula Romo, ministra da Administração Interna equatoriana, descreveu uma série comportamentos bizarros por parte de Assange, destacando uma “conduta higiénica imprópria”.

Durante os sete anos em que esteve ao abrigo do Equador, o Governo afirma que gastou 6,2 milhões de dólares (quase 5,5 milhões de euros) para garantir a segurança do hóspede na embaixada.

Britânicos querem que WikiLeaks seja questão secundária

A pressão política amontoa-se sobre o ministro do Interior britânico, Sajid Javid, para que Julian Assange seja extraditado para a Suécia. O fundador do Wikileaks foi indiciado do crime de violação em 2010 pela Justiça sueca. Refugiou-se na embaixada do Equador até a acusação prescrever. Os políticos britânicos temem que as acusações norte-americanas sobre a divulgação de documentos secretos ofusquem as alegações de abusos sexuais e impeçam a abertura de nova investigação sobre os alegados crimes sexuais de Assange. 

Mais de 70 parlamentares britânicos assinaram uma carta endereçada ao ministro do Interior, pedindo para que se virem as atenções para a nova investigação sueca que seria aberta, caso a alegada vítima de violação assim o desejasse.