Sapporo, o epílogo perfeito do meu sonho nipónico
O leitor Mário Menezes partilha a sua experiência no Japão.
Visitar o Japão foi transcendente.
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Visitar o Japão foi transcendente.
País do primeiro mundo, limpo, moderno e seguro. Gente civilizada e educada. As filas que fazem para entrar nas carruagens do metro, ou esperando pacientemente que o peão mude para verde, para atravessar a estrada mesmo que nenhum veículo circule. As casas de banho públicas, mesmo as que se situam em locais de grande afluxo, são exemplos de alta tecnologia e cidadania. Sanitas carregadas de eletrónica com botões e funções que para a nossa forma de estar são cómicas, desnecessárias e caricatas e que obrigam a perder algum tempo a estudar os manuais ali colados. Imaculadamente limpas e impecavelmente conservadas, deixam perplexo qualquer turista estrangeiro. “Only in Japan”, hoje percebo bem esse slogan! Autêntico: no Japão até uma casa de banho é atracção turística.
Entre Tóquio e Hiroshima, durante duas semanas vi coisas incríveis e fiz coisas quase irrepetíveis. Dormi em capsule hotel, provei bife de Kobe e também fugu, o peixe possuidor de um veneno letal! E no final, Sapporo!
Ao contrário dos locais mais célebres, que se situam para sul de Tóquio, Sapporo, capital da ilha de Hokaido, fica cerca de 1200Km a norte, 1h30 de avião, sendo esta a forma mais rápida (e por vezes mais barata!) de lá chegar. Cidade moderna com concepção dos arruamentos centrais a “regra e esquadro” . Servida por modernos meios de transporte, com destaque para o metropolitano com rodas de borracha, único no Japão e para a rede de eléctricos rápidos.
Aterrando em New Chitose, o aeroporto que serve esta cidade e da qual dista cerca de 40Km, sou recebido por um enorme nevão. Era o prenúncio perfeito para os dias que se seguiram. Visitar o Festival da Neve, que todos os anos, durante nove dias, atrai cerca de dois milhões de visitantes. Duas das avenidas, ao longo de 1,5Km, repletas de estátuas: de neve, em frente a uma torre de TV estilo torre Eiffel, no Parque Odori, e de gelo no bairro Susukino. De dia e de noite, caminhar nestas ruas e viver o festival é gratuito. Desfrutar destas obras de arte é maravilhoso, mesmo que tenhamos de suportar o verdadeiro Inverno norte nipónico, com -12 graus de temperatura, queda de neve e vento gelado.
Sem dúvida que a construção em neve da Catedral de Helsínquia foi a minha preferida, não só por ser a de maior destaque na edição deste ano, mas também por anos antes ter visitado Helsínquia e visto a original. Os muitos heróis do cinema, como o Star Wars não me deixaram indiferente. As esculturas de gelo translúcido são impressionantes e de noite, com o reflexo das luzes, ainda mais.
Não foi só o festival que me levou a Sapporo. Como adepto de futebol, gosto de visitar os estádios que existem pelos países que vou conhecendo. Em Sapporo está o estádio que desde o Mundial de 2002 mais ansiava visitar. Na altura foi considerado o mais evoluído do mundo. Visto de fora, parece uma nave espacial. Totalmente coberto, conseguindo albergar mais de 40.000 espectadores, com a possibilidade de o relvado sair para o exterior, as bancadas mudarem de posição, podendo o seu interior transformar-se em modo basebol. Do seu interior é possível, através de escadas rolantes, aceder a um observatório onde a vista para a cidade nos encanta. Nas imediações do estádio, estava instalado um parque de escorregas na neve para os amantes do “sku”, também no âmbito do Festival.
As últimas horas em Sapporo foram passadas no monte Moiwa e do alto dos seus 531 metros, mesmo com neve a cair e pouca visibilidade, ficou assim marcada a minha despedida desta cidade. Ali passei dois dias maravilhosos e onde aproveitei para reencontrar uma amiga americana que vive no Japão, e que conheci um ano antes no Taj Mahal.
Mário Menezes