Obrigado, Dina: ainda bem que há sempre música entre nós
Há quem diga que não devemos conhecer os artistas que admiramos, dado que a noção que temos deles é muitas vezes diferente da realidade, correndo o risco de sairmos desiludidos. Com a Dina, foi o oposto.
Escrever sobre alguém por quem temos muito carinho não é fácil: ficamos sem saber por onde começar ou o que dizer ao certo — há sempre histórias de que acabamos por nos lembrar, mais cedo ou mais tarde, e que não queremos deixar de contar. É mais difícil ainda, no entanto, quando somos incumbidos de o fazer e confrontados simultaneamente com a notícia do seu falecimento. Embora saiba que não existem as palavras certas ou suficientes para homenagear alguém que me é tão importante como ela, opto por partilhar as boas memórias e alguns dos momentos que vivi com a Dina.
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Escrever sobre alguém por quem temos muito carinho não é fácil: ficamos sem saber por onde começar ou o que dizer ao certo — há sempre histórias de que acabamos por nos lembrar, mais cedo ou mais tarde, e que não queremos deixar de contar. É mais difícil ainda, no entanto, quando somos incumbidos de o fazer e confrontados simultaneamente com a notícia do seu falecimento. Embora saiba que não existem as palavras certas ou suficientes para homenagear alguém que me é tão importante como ela, opto por partilhar as boas memórias e alguns dos momentos que vivi com a Dina.
Em 2016 pude participar no espectáculo Dinamite, onde vários artistas revisitaram na íntegra o disco homónimo de 1982 e em que também se celebrou a obra de uma compositora e intérprete que marcou a canção nacional e compôs, incansavelmente, durante quatro décadas, trilhando habilmente os caminhos da canção de intervenção, da pop, da folk, do funk e do rock.
Há quem diga que não devemos conhecer os artistas que admiramos, dado que a noção que temos deles é muitas vezes diferente da realidade, correndo o risco de sairmos desiludidos. Com a Dina, foi o oposto: tive a oportunidade de falar com ela sobre as canções que fazem parte das minhas memórias — não apenas o tema com que representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção, mas também sobre várias faixas dos seus álbuns, muitas das quais fazem parte da memória musical colectiva dos portugueses. Com a Dina aprendi lições que não esquecerei, como as várias vidas que uma canção pode ter.
Foi um privilégio ter tido a oportunidade de a homenagear em vida e de partilhar o palco com uma artista tão icónica e única. Acima de tudo, tive a sorte de poder experienciar a sua leveza e o seu sorriso cativante, que nos fazia sentir que tudo estava bem, que já não havia problemas.
Hoje guardo não apenas a memória de uma grande cantora e compositora, mas também a da sua amizade e humildade, do seu abraço e das suas canções que continuarão a trazer-nos alegria. Ainda bem que há sempre música entre nós.
Obrigado, Dina.