Millennials estão cada vez mais longe de atingir a classe média

Ao contrário do que aconteceu com a geração dos pais – os baby boomers – a geração mais jovem não beneficia de estabilidade laboral e tem mais dificuldade para entrar na classe média aos 20 anos.

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Paulo Pimenta

Os jovens entre os 17 e os 35 anos, conhecidos como millennials, têm mais dificuldade em pertencer à classe média e ter um emprego estável do que as gerações precedentes, de acordo com um estudo da OCDE publicado nesta quarta-feira.

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Os jovens entre os 17 e os 35 anos, conhecidos como millennials, têm mais dificuldade em pertencer à classe média e ter um emprego estável do que as gerações precedentes, de acordo com um estudo da OCDE publicado nesta quarta-feira.

“Actualmente, a classe média mais parece um barco que navega em águas agitadas”, afirmou o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Ángel Gurría, a propósito de um relatório apresentado com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Intitulado Sob pressão: as classes médias em queda, o estudo mostra que nos países da OCDE, 70% dos baby boomers, a geração que nasceu no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, conseguiram entrar na classe média ao atingir a idade dos 20 anos, em comparação com apenas 60% dos millennials.

“Essa geração também beneficiou de um emprego mais estável durante a vida activa que a geração mais jovem”, refere o estudo, que também conclui que houve um enfraquecimento da influência económica das classes médias desde meados da década de 80.

“As suas receitas quase não sofreram aumentos nos países da OCDE” e “o custo dos bens essenciais para a classe média aumentou mais do que a inflação”, lê-se no relatório.

O documento alerta que uma em cada cinco famílias da classe média “gasta mais do que ganha”. Essa situação, acrescenta o relatório, é ainda mais preocupante porque o “sobreendividamento também é maior do que nas classes sociais alta e baixa”.

“Nas últimas duas décadas, os preços das habitações subiram três vezes mais rápido do que o orçamento médio familiar”, sustenta a OCDE.

Nos últimos 30 anos, a proporção de elementos da classe média entre a população geral diminuiu de 64% para 61%, estima a OCDE, que há vários anos pede aos países uma distribuição mais equitativa do dinheiro para as famílias.

Segundo a organização, as classes médias “são cruciais para a economia”, sendo elas que suportam o consumo e estimulam uma grande parte dos investimentos em educação, saúde e habitação, desempenhando também um papel fundamental no apoio à protecção social dos contribuintes”.

Empregos temporários ou instáveis, muitas vezes com salários mais baixos e pouca segurança substituem cada vez mais os empregos tradicionais de classe média, sendo necessário mais investimento nos sistemas de ensino e na área vocacional.

Em conclusão, a OCDE apela aos Governos para fazerem mais em prol dos trabalhadores. “Os Governos devem ouvir mais as preocupações dos cidadãos, mas também proteger e promover os padrões de vida da classe média”, disse Ángel Gurría.