Há uns dias, um destacado intelectual de esquerda mostrou-se perplexo com o falatório em torno das relações familiares dos nossos governantes. Explicou que também no Reino Unido havia muita endogamia e concluiu que em “Portugal, onde um grupo de 500 pessoas andou nas mesmas faculdades, frequenta os mesmos restaurantes e tem a filharada nos mesmos colégios, não faz sentido tal puritanismo”. Esta forma elitista de justificar a endogamia tem a virtude de dizer aquilo que muitos pensam, mas que têm vergonha de dizer: as elites não estão interessadas na mobilidade social. Para a filharada dos outros subir no elevador social, os filhinhos das elites têm de descer. Naturalmente, as elites protegem-se e perpetuam-se.
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Há uns dias, um destacado intelectual de esquerda mostrou-se perplexo com o falatório em torno das relações familiares dos nossos governantes. Explicou que também no Reino Unido havia muita endogamia e concluiu que em “Portugal, onde um grupo de 500 pessoas andou nas mesmas faculdades, frequenta os mesmos restaurantes e tem a filharada nos mesmos colégios, não faz sentido tal puritanismo”. Esta forma elitista de justificar a endogamia tem a virtude de dizer aquilo que muitos pensam, mas que têm vergonha de dizer: as elites não estão interessadas na mobilidade social. Para a filharada dos outros subir no elevador social, os filhinhos das elites têm de descer. Naturalmente, as elites protegem-se e perpetuam-se.