Alto comissário da ONU denuncia “linguagem venenosa sem precedentes” sobre refugiados
Não negando que há “muita solidariedade”, Grandi diz nunca ter visto tanta “toxicidade” na política e nas redes sociais.
O alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, afirmou que a “toxicidade e linguagem venenosa” presentes na política, nos media e nas redes sociais sobre refugiados, migrantes e estrangeiros “não tem precedentes”.
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O alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, afirmou que a “toxicidade e linguagem venenosa” presentes na política, nos media e nas redes sociais sobre refugiados, migrantes e estrangeiros “não tem precedentes”.
Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU para debater a situação dos refugiados no mundo, esta terça-feira, Filippo Grandi afirmou que, em mais de três décadas como funcionário público internacional, nunca viu “tamanha toxicidade e linguagem venenosa na política, nos media e nas redes sociais (…) e isso deve ser motivo de preocupação para todos”.
Na sua opinião, existe uma estigmatização “sem precedentes sobre refugiados e migrantes” e as respostas a este problema são cada vez mais inadequadas.
Apesar disso, frisou ainda existir “muita solidariedade, até mesmo heroísmo em algumas das respostas fornecidas no terreno”, em muitas partes do mundo, desde aldeias africanas até à fronteira entre Bangladesh e na Birmânia, mas também nas comunidades na América Latina que estão a ajudar os venezuelanos, disse Grandi.
O responsável da ONU instou ainda os países a seguirem o exemplo da primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, relativamente à sua resposta ao massacre em Christchurch, que causou em Março 50 mortos e quase meia centena de feridos.
“A resposta do Governo do país deve ser vista como um bom exemplo de liderança eficaz e de como responder a uma realidade tóxica de forma firme e organizada”, frisou Grandi, segundo a página online das Nações Unidas.
Por fim, de acordo com a mesma fonte, o alto comissário sublinhou que o Conselho de Segurança deve aumentar o apoio aos países em desenvolvimento, que abrigam 85% dos refugiados do mundo, de forma a evitar que os governos desses países fiquem mais frágeis e expostos.