Novas taxas de Trump ameaçam vinho português
Aviões, queijos, azeite e vinhos são alguns dos bens alvo de possíveis agravamentos de taxas alfandegárias pelos EUA. E que afectam Portugal.
A ameaça de subida de taxas alfandegárias feita esta segunda-feira à noite pelos Estados Unidos à União Europeia pode afectar o desempenho das exportações portuguesas de vinho, que tiveram em 2018 os EUA como o segundo mercado mais importante, com um peso superior a 10% do total.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A ameaça de subida de taxas alfandegárias feita esta segunda-feira à noite pelos Estados Unidos à União Europeia pode afectar o desempenho das exportações portuguesas de vinho, que tiveram em 2018 os EUA como o segundo mercado mais importante, com um peso superior a 10% do total.
As autoridades norte-americanas anunciaram a abertura de um processo na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a União Europeia de retaliação contra as ajudas públicas que, alegam, foram dadas à Airbus em incumprimento das regras do comércio internacional. Este processo implica o agravamento das taxas alfandegárias de uma série de produtos importados pelos EUA à UE, num valor global de 11 mil milhões de dólares. A lista de produtos bens relacionados com a indústria aeroespacial, como aviões, helicópteros e as suas componentes e também diversos produtos alimentares, nomeadamente vinho, azeite e queijo.
Para Portugal, a aplicação de taxas alfandegárias mais elevadas aos seus vinhos pode ter um impacto significativo no sector. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2018 as exportações portuguesas de vinho para os EUA ascenderam a 80,8 milhões de euros, 10,1% do total. Este valor fez do mercado norte-americano o segundo mais importante para os exportadores nacionais de vinho, logo a seguir à França.
Os EUA têm sido, nos últimos anos, um mercado de crescimento importante para o sector vinícola português, que tem registado ganhos importantes no outro lado do Oceano Atlântico.
No total das exportações portuguesas para os EUA - que atingiram os 2878 milhões de euros em 2018, 5% do total -, o vinho tem contudo um peso relativamente reduzido: 2,8%. Outros produtos, como os combustíveis refinados, a madeira, o cimento ou os têxteis são mais relevantes, e não são alvo, pelo menos para já, de qualquer ameaça de agravamento de taxas alfandegárias por parte dos EUA.
Na lista agora apresentada pela Casa Branca estão contudo outros bens, cujo agravamento de taxas, a confirmar-se, pode afectar indústrias nacionais específicas. A exportação de aeronaves aos Estados Unidos rendeu a Portugal 74,9 milhões de euros em 2018, um pouco menos que os vinhos, mas 24,1% do total de vendas ao estrangeiro desse tipo de produto durante o ano passado.
No que diz respeito ao azeite, as vendas para os EUA em 2018 representaram 6,7 milhões de euros, ou 1,2% do total. E nos queijos, as exportações para o mercado norte-americano foram de 2,7 milhões de euros, 7,1% do total.