Música, natureza e surpresas é no Tremor
Dar a conhecer os Açores a quem vem de fora e trazer o mundo a quem vive nas ilhas. A partir desta terça-feira, e até sábado, há mais uma edição do festival Tremor, com Colin Stetson, Bulimundo ou Lafawndah.
Já ninguém se espanta na ilha de São Miguel. Concertos no meio da floresta, junto de quedas de água ou de piscinas de água quente, ou mesmo noutras ilhas – como aconteceu no ano passado, quando um dos acontecimentos-surpresa do festival teve lugar em Santa Maria –, já constituem parte da normalidade do Tremor. Mas ainda assim certamente que haverá lugar para espantos. Há sempre. E a sexta edição do festival, da responsabilidade de António Pedro Lopes, de Luís Banrezes e da editora e promotora Lovers & Lollypops, não irá ser diferente.
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Já ninguém se espanta na ilha de São Miguel. Concertos no meio da floresta, junto de quedas de água ou de piscinas de água quente, ou mesmo noutras ilhas – como aconteceu no ano passado, quando um dos acontecimentos-surpresa do festival teve lugar em Santa Maria –, já constituem parte da normalidade do Tremor. Mas ainda assim certamente que haverá lugar para espantos. Há sempre. E a sexta edição do festival, da responsabilidade de António Pedro Lopes, de Luís Banrezes e da editora e promotora Lovers & Lollypops, não irá ser diferente.
As experiências inusitadas e os locais exóticos, as deslocações diárias até um local mantido em segredo para se assistir a uma actuação já fazem parte do ADN de um acontecimento que se tornou indissociável da descoberta da ilha de São Miguel. Hoje com uma identidade estabilizada, é sinónimo de sucesso, encontrando-se previamente esgotado. Claro que não é um evento de massas. É um festival de escala humana que, ao longo de cinco dias, propõe músicas de vários hemisférios, residências artísticas, exposições ou performances.
Na sexta edição que esta terça-feira se inicia, mais de 50 artistas ocuparão as principais salas de Ponta Delgada e da Ribeira Grande, assim como espaços informais, lojas e pontos de interesse cultural. Tal como aconteceu em 2018, o Tremor estende-se de novo – mas agora já sem a componente surpresa, na próxima sexta-feira – à ilha vizinha de Santa Maria, num circuito de actividades que contempla visitas turísticas e concertos pela inglesa Natalie Sharp ou pelos portugueses Sunflowers.
Em Ponta Delgada, destaque este ano para as apresentações do excelente saxofonista e compositor americano Colin Stetson (terça-feira, Auditório Luís de Camões), para o rock instrumental e experimental dos americanos Grails (quarta-feira, Auditório Luís de Camões) ou para a histórica formação cabo-verdiana Bulimundo (sábado, Coliseu Micaelense), expoente do funaná. Nesse último dia, atenções viradas também para a tranquilidade folk da americana Haley Heynderickx (Igreja do Colégio), para as canções pop electrónicas da brasileira Maria Berardo (Ateneu Comercial), que procuram o ângulo inusitado, enquanto as letras interrogam questões de sexo e género, ou para o rock cósmico dos americanos Moon Duo (Coliseu Micaelense).
Antes, na sexta, na Ribeira Grande, atenções viradas para a solenidade da portuguesa Lula Pena (Museu Vivo do Franciscanismo), ou para a pop electrónica futurista, com algo de ritualístico, da oriental Lafawndah (Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas), ou ainda para o hibridismo electrónico festivo dos brasileiros Teto Preto (Teatro Ribeiragrandense). Os portugueses Pop Dell’ Arte, o cantor-compositor Jacco Gardner, o concerto-bingo com comes e bebes, dos rappers dB e Balada Brassado, no âmbito das residências, a proposta performativa e imersiva do Instytut B61 ou as várias apresentações de Lieven Martens (ex-Dolphins Into The Future) serão outros dos muitos motivos de interesse deste Tremor.
Fora dos palcos haverá a inauguração do trabalho colaborativo de Renato Cruz Santos e Duarte Ferreira, uma exposição que liga fotografia e som, ou o projecto fotográfico do espanhol Rubén Monfort, que documenta os colectivos populares de dança de castanholas das despensas de Rabo de Peixe. Apesar de esgotado, o festival propõe uma série de actividades de acesso livre, condicionada à lotação dos espaços – caso do espectáculo de abertura, construído em diálogo pelo colectivo ondamarela com a Escola de Música de Rabo de Peixe e a Associação de Surdos da Ilha de São Miguel. É esta terça-feira, pelas 19h, no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada. E estão todos convidados.