Perto de 17% dos idosos contactados pelo SNS 24 estão em situação de fragilidade
Projecto Proximidade Sénior, do Centro de Contacto SNS 24, teve início a meio de Dezembro. Dos 17.339 idosos contactados, estão a ser seguidos semanalmente mais de 2800.
Entre 17 de Dezembro do ano passado e 28 de Fevereiro deste ano, o projecto Proximidade Sénior do Centro de Contacto SNS 24 contactou 17.339 idosos com mais de 75 anos, de acordo com dados enviados ao PÚBLICO por este organismo gerido pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Destes, perto de 17% (mais de 2800) são pessoas que estão numa situação relativamente à qual foram identificados “critérios de fragilidade”, como ter falta de memória, limitações nos movimentos, dificuldades em resolver problemas ou viver de algum modo isolado. Estão já a ser seguidas semanalmente à distância pelos serviços de saúde.
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Entre 17 de Dezembro do ano passado e 28 de Fevereiro deste ano, o projecto Proximidade Sénior do Centro de Contacto SNS 24 contactou 17.339 idosos com mais de 75 anos, de acordo com dados enviados ao PÚBLICO por este organismo gerido pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Destes, perto de 17% (mais de 2800) são pessoas que estão numa situação relativamente à qual foram identificados “critérios de fragilidade”, como ter falta de memória, limitações nos movimentos, dificuldades em resolver problemas ou viver de algum modo isolado. Estão já a ser seguidas semanalmente à distância pelos serviços de saúde.
O projecto arrancou com os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) Oeste Sul — inclui as zonas do Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço, Mafra e Torres Vedras — e Porto Oriental — Bonfim (Porto), Paranhos e Campanhã. Em dois meses e meio, o SNS 24 contactou 9809 utentes do ACES Oeste Sul e 7530 do ACES Porto Oriental. Houve 4682 idosos que não quiseram participar no projecto e por isso não foram avaliados.
Os critérios de fragilidade incidem em factores físicos, sociais e psicológicos. “Após avaliação do risco de fragilidade, e obtenção do consentimento em participar, encontram-se a ser acompanhados semanalmente 2880 utentes: 1453 no ACES Oeste Sul e 1427 no ACES Porto Oriental”, disse ao PÚBLICO a coordenadora do SNS 24, Micaela Monteiro.
A escala de avaliação de risco de fragilidade — validada para a população portuguesa pela Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto — inquire, entre outras questões, se a pessoa tem dificuldades em andar, ver ou ouvir, se vive sozinho e se sente falta de companhia, se tem problemas de memória e, por exemplo, se se sente capaz de resolver problemas. A avaliação tem mais de uma dezena de perguntas e cada resposta positiva equivale a um ponto. Com seis ou mais pontos, o idoso é classificado como estando em situação de fragilidade.
“Dos 17.339 idosos contactados, cerca de 16,6% apresentam critérios de fragilidade e podem ser acompanhados num programa à distância. Este número muito provavelmente pode ser extrapolado para a população idosa em Portugal”, considerou Micaela Monteiro, salientando que “até agora, não havia dados que permitissem planear uma intervenção desta natureza no nosso país”.
Inicialmente os ACES comunicaram a existência de 65 mil idosos com mais de 75 anos, mas depois da confirmação de contactos actualizados e inscrições, o número foi revisto para 19.030. Micaela Monteiro explicou que deste universo só conseguiram contactar 17.339. Com os restantes, apesar das várias tentativas, não foi possível chegar à fala. “É importante que as pessoas tenham o seu contacto telefónico actualizado no centro de saúde, assim como os familiares. Só assim conseguimos chegar a estas pessoas.”
Trabalho articulado
A responsável reforçou que “uma das pedras basilares da nova estratégia” de apoio aos seniores é “entender o SNS 24 como prestador de serviços de saúde à distância — por telefone ou acesso digital — em estreita articulação com os serviços presenciais, como os cuidados de saúde primários ou hospitalares”.
Identificado um problema, o SNS 24 informa os ACES que accionam as redes de intervenção local sempre que necessário. “A unidade móvel do ACES Oeste Sul, por exemplo, já acompanha cerca de 15 utentes, que tinham ‘fugido do seu radar’, após problemas identificados pelo contacto no âmbito do Proximidade Sénior. Um outro exemplo é o caso de um senhor com problemas de saúde que não ia ao seu centro de saúde há mais de três anos. Após contacto com o SNS 24 foi gerado o alerta para o ACES, que realizou uma visita domiciliária e agendou consultas de seguimento”, disse.
Micaela Monteiro adiantou que também “foram identificadas situações de segurança que poderão necessitar de actuação da rede de intervenção local: 42 casos foram referenciados aos ACES que interagem regularmente com as forças de segurança”. Na área da saúde, situações consideradas emergentes são transferidas para o INEM ou para o serviço de triagem do SNS 24.
“Esta experiência reforça a convicção de que um trabalho articulado e em rede entre as diversas entidades que cuidam das necessidades de saúde, sociais ou de segurança da população consegue ter resultados efectivos. Por vezes, não é fácil chegar aos destinatários do projecto e, inicialmente, verificámos algum receio e desconfiança por parte da população em relação aos telefonemas”, disse a responsável.
A responsável do SNS 24 explicou que, perante os factores de fragilidade, “foram realizadas intervenções sobre o tema cuidados de Inverno, organizadas por vacinação da gripe, baixas temperaturas, síndrome gripal, equipamentos para aquecimento, nutrição e hidratação no frio, chuva e quedas, em casa com mau tempo, toma da medicação e actividade física”. A intervenção continuará com a abordagem de outros temas que influenciam o grau de fragilidade dos mais velhos, como direitos da pessoa idosa, actividades sociais, dor crónica, saúde oral, gestão de medicamentos e alimentação saudável.
O alargamento do projecto Proximidade Sénior a outros centros de saúde está dependente dos resultados da avaliação ao trabalho já realizado, que se prevê que ocorra em Julho. E também da “disponibilidade de envolvimento dos ACES, dada a relevância da integração de cuidados”.