Verdes em jornadas em Beja, entre a ferrovia e a crítica ao olival intensivo

Jornadas parlamentares dos dois deputados ecologistas vão debater dois grandes problemas do Alentejo: a dificuldade de mobilidade das populações e o avanço da cultura da oliveira – o olival intensivo está a tornar-se no “eucalipto do século XXI”.

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Nuno Ferreira Santos

O Partido Ecologista Os Verdes dedica os dias de hoje e de amanhã à discussão dos problemas de mobilidade e de cultura intensiva do olival no Alentejo, no âmbito das suas últimas jornadas parlamentares desta legislatura. Em coerência com o programa e essas preocupações, a mais pequena bancada do Parlamento – para ter um grupo parlamentar são precisos pelo menos dois deputados – viaja de comboio desde Lisboa até Beja.

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O Partido Ecologista Os Verdes dedica os dias de hoje e de amanhã à discussão dos problemas de mobilidade e de cultura intensiva do olival no Alentejo, no âmbito das suas últimas jornadas parlamentares desta legislatura. Em coerência com o programa e essas preocupações, a mais pequena bancada do Parlamento – para ter um grupo parlamentar são precisos pelo menos dois deputados – viaja de comboio desde Lisboa até Beja.

“É fundamental investir no transporte ferroviário porque contribui, por um lado, para o objectivo do combate às alterações climáticas, tendo em conta o menor nível de emissões, e, por outro, também contribui para a coesão do território e para o direito à mobilidade das populações”, defende a deputada Heloísa Apolónia.

No ano passado, os Verdes andaram por todo o país para aferir o estado em que se encontram as ligações ferroviárias no âmbito de uma iniciativa que designaram “Comboios a rolar, Portugal a avançar”. A posição conjunta que assinaram com o PS e o Governo implicava a aposta num novo plano ferroviário nacional.

A deputada do PEV vinca que o distrito de Beja “e em especial a linha que liga Lisboa a Beja tem sido alvo de um desinvestimento incompreensível”. “Conseguimos, com este Governo, o compromisso para a electrificação do troço entre Casa Branca e Beja. Mas queremos mais: queremos o compromisso de ligação de Beja à Funcheira, no sentido de criar uma verdadeira mobilidade ferroviária no Baixo Alentejo”, reclama Heloísa Apolónia.

Depois da viagem de comboio, os ecologistas reúnem-se à tarde com o executivo da câmara local, com a direcção da Escola Superior Agrária de Beja, com a Comissão de Utentes de Beja e, à noite, com os movimentos AMAlentejo, Beja Merece Mais e Plataforma Alentejo.

Além da ferrovia e da mobilidade naquele distrito do Baixo Alentejo, os Verdes vão também debater a questão da cultura intensiva do olival na região. “O olival intensivo é um problema que se está a alastrar por todo o Alentejo”, aponta a deputada do PEV. “Está a tornar-se num problema muito idêntico àquele que foi a eucaliptização do país e não queremos novos eucaliptos para o século XXI”, avisa Heloísa Apolónia.

“O que se está a verificar no Alentejo é uma expansão enormíssima do olival intensivo, com repercussão num gasto imenso de água. Num momento em que estamos confrontados com secas sucessivas todos os anos e que vários especialistas e estudos tornaram claro que o Baixo Alentejo vai ser alvo de problemas de seca significativos, não podemos admitir esta situação”, afirma a deputada ecologista. Este gasto excessivo de água para uma monocultura repercute-se nos interesses económicos da região e cria dificuldades à sustentabilidade do território, argumenta a deputada.