Projecto Memórias da Aldeia guarda testemunhos das tradições portuguesas
Trabalho de recolha começou nas aldeias de Talhas, em Macedo de Cavaleiros, Paradela, em Miranda do Douro e Rio de Onor, em Bragança, “com a recolha de cerca de 40 testemunhos e mais de 200 documentos e objectos”.
Uma iniciativa intitulada Memórias da Aldeia está a recolher testemunhos e documentos das tradições de aldeias portuguesas para guardar as histórias e o património destes territórios, divulgaram esta segunda-feira, 8 de Abril, os responsáveis.
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Uma iniciativa intitulada Memórias da Aldeia está a recolher testemunhos e documentos das tradições de aldeias portuguesas para guardar as histórias e o património destes territórios, divulgaram esta segunda-feira, 8 de Abril, os responsáveis.
A recolha das memórias surge no âmbito do projecto Há Festa na Aldeia e arrancou em três aldeias do distrito do Bragança, estando previsto percorrer outras durante os próximos meses. Este trabalho resulta de um parceria com o programa Memória para Todos, um projecto de formação e investigação colaborativa e de ciência cidadã desenvolvido por uma equipa de investigadores do Centro República e Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova (NOVA FCSH) e pela Associação Keep.
De acordo com os responsáveis, trata-se de “um programa de registo em áudio e vídeo de testemunhos orais e de digitalização de documentos e objectos que permitem contextualizar e integrar de forma transversal os diferentes protagonistas na narrativa histórica”.
“São as histórias que muitas vezes a História não conta. São as memórias e as recordações das pessoas, enquadradas no tempo e no espaço”, como indicou à Lusa a Associação Aldeias de Portugal, responsável por estas iniciativas.
Este trabalho de recolha começou nas aldeias de Talhas, em Macedo de Cavaleiros, Paradela, em Miranda do Douro e Rio de Onor, em Bragança, “com a recolha de cerca de 40 testemunhos e mais de 200 documentos e objectos”.
“O Há Festa na Aldeia tem uma premissa clara sobre a qual incide todo o seu trabalho e que tem a ver com a importância de ir ao encontro das expectativas da comunidade. Ouvindo as suas memórias, aprendemos mais sobre o território e sobre nós próprios. As memórias da vida na aldeia, partindo do individual para construir o colectivo, indica-nos o caminho que devemos seguir para uma dinamização sólida e honesta do interior do país”, considerou Teresa Pouzada, presidente da Aldeias de Portugal.
O projecto Memórias da Aldeia tem por missão “identificar, patrimonializar e divulgar as histórias e memórias relacionadas com a vida nas aldeias recorrendo à história oral e ao registo de colecções pessoais, contextualizada”, como sustentou Maria Fernanda Rolo da NOVA FCSH e coordenadora científica do programa Memória para Todos.
“Queremos conhecer a história do país pela voz de quem viveu estes territórios, os construiu e percorreu”, vincou. “É um projecto de afectos”, que pretende evidenciar “a importância da história de vida para o conhecimento e compreensão da história local e para a construção de identidade e o fortalecimento de dinâmicas comunitárias”.
A responsável científica refere ainda que “este é um projecto de investigação científica, feito de forma colaborativa, integrando as diferentes formas de conhecimento, valorizando-os”.
Rio de Onor, a aldeia comunitária do concelho de Bragança, é uma das abrangidas pela iniciativa e o presidente da junta de freguesia, José Preto, acredita que “é importante envolver a comunidade para que percebam estas acções como parte de um plano de combate à desertificação e potenciador de um novo tipo de turismo, associado que é genuíno e autêntico”.
O nome Há Festa na Aldeia é inspirado no filme de Jacques Tati e coordenado pela ATA — Associação de Turismo da Aldeia, que envolve oito localidades do Norte do Portugal e tem como missão principal “combater o isolamento”, trabalhando com os parceiros locais na recuperação de tradições e organização de eventos para levar vida às aldeias.