BE quer discutir de novo a gestão do Teatro Maria Matos

Teatro devia ter reaberto em Setembro, mas mantém-se fechado. O BE diz que é tempo de anular a concessão.

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Miguel Manso

O Teatro Maria Matos fechou no Verão do ano passado e deveria ter reaberto em Setembro com nova gestão e programação, mas até hoje mantêm-se encerradas as suas portas. O Bloco de Esquerda quer manter o tema na agenda e vai esta terça-feira propor que a direcção do teatro regresse à esfera pública.

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O Teatro Maria Matos fechou no Verão do ano passado e deveria ter reaberto em Setembro com nova gestão e programação, mas até hoje mantêm-se encerradas as suas portas. O Bloco de Esquerda quer manter o tema na agenda e vai esta terça-feira propor que a direcção do teatro regresse à esfera pública.

Os deputados do BE na Assembleia Municipal de Lisboa marcaram um debate de actualidade sobre o tema e levam a votos uma recomendação para que a câmara faça aquilo que dizem ser “o óbvio” e desista da concessão do teatro a uma empresa privada. “Espero honestamente que a vereadora da Cultura aproveite este momento para repensar esta decisão e venha ter com a esquerda para pôr o teatro a funcionar como uma solução pública”, diz o eleito Tiago Ivo Cruz.

Esta é já a segunda vez que a assembleia recebe um debate específico sobre o Maria Matos desde que, em Dezembro de 2017, a vereadora da Cultura anunciou, em entrevista ao PÚBLICO, que aquele equipamento da Avenida de Roma passaria a ter gestão privada.

O concurso público foi entretanto lançado e ganho pela empresa Força de Produção, mas a segunda classificada, a Yellow Star Company, recorreu e o processo está ainda pendente de decisão judicial.

Na recomendação, os bloquistas dizem que a concessão “foi errada” por vários motivos: “por ser financeiramente desnecessária”, “por destruir dez anos de investimento público” e “por ser juridicamente frágil”. Argumentam também que, ao optar pela gestão privada, o executivo socialista se afastou “de soluções à esquerda, algo surpreendente no actual contexto”.

“É o momento de termos esta discussão. Os públicos que o teatro tinha já foram destruídos”, critica Tiago Ivo Cruz. Na recomendação, o BE fala nos novos passes sociais para dizer que “o alcance potencial deste teatro é hoje maior do que era há um ano e é um erro profundo deitar fora um instrumento de política cultural nesta altura.”

Há pouco mais de um ano, depois do inesperado anúncio de Catarina Vaz Pinto, o PCP levou o tema Maria Matos à assembleia municipal e quase toda a oposição coincidiu em dizer que a câmara revelava “falta de transparência” e “falta de estratégia”. Na ocasião, a vereadora disse que havia “urgência” em avançar com o concurso público de concessão, pois faltavam poucos meses para se esgotar a programação do director artístico cessante, Mark Deputter.

A concessão do Maria Matos insere-se numa nova estratégia para os teatros de Lisboa, de que Vaz Pinto também falou na tal entrevista de 2017. A equipa responsável pela programação infanto-juvenil no teatro de Alvalade passou para o recém-inaugurado Teatro Lu.Ca, na Calçada da Ajuda, vocacionado exclusivamente para esse público. Ao mesmo tempo, a autarquia arrendou o Teatro do Bairro Alto, casa da extinta companhia Cornucópia, e destinou-o a projectos emergentes.

Há pouco mais de um ano, deputados do BE, PAN e PPM uniram-se para propor um referendo local sobre a gestão do Maria Matos, mas a proposta foi rejeitada por todos os outros partidos. Também uma petição com mais de 2500 assinaturas, pedindo gestão pública para o teatro, não surtiu o efeito desejado pelos seus subscritores.