Palcos da semana
Música ao saxofone, num festival-laboratório e com substância, a par de dança para Sophia e de cultura pop em ópera.
Ópera
A morte saiu à cultura pop
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Ópera
A morte saiu à cultura pop
O ponto de partida é uma imagem: a da “máscara de morte” da mulher conhecida como “a desconhecida do Sena”, que terá morrido afogada no rio francês com o rosto fixo num sorriso enigmático – sorriso que viria a inspirar toda uma legião de artistas. Entre eles estão agora Frederik Neyrinck e Sabryna Pierre, autores, respectivamente, da música e do libreto de Icon - Uma Ópera do Século XXI. Retrata a cultura visual contemporânea pondo a acção em palco, na passarela ou num set de filmagens, com ecos de Andy Warhol (Icon é, afinal, um anagrama de Nico) e sem lugar para a distância entre artista e espectador. É interpretada pela soprano Lieselot De Wilde e o actor Tibo Vandenborre, com encenação do colectivo Atelier Bildraum.
Música
Guimarães no festival dos “P"
Público a ouvir, músicos a trabalhar, todos a pensar. Guimarães é novamente transformada em cidade da música pelo Westway Lab, o festival-laboratório dos três “P": processo, pensamento e produto. Neste, cabem os concertos. O programa da sexta edição dá particular atenção à música canadiana, recebendo Sarah MacDougall, Tribe Royal, Megan Nash, Les Deuxluxes e The East Pointers. Mas uma das estrelas do cartaz vem da Holanda: Jacco Gardner, que faz honras de abertura com o álbum Somnium (2018). Outras excepções são a italiana Violetta Zironi e o norte-americano Tashi Wada com Julia Holter. Na comitiva portuguesa alinham Neev, Marta Pereira da Costa, Vaarwell, Whales, Batida, The Black Mamba e os vimaranenses Captain Boy, Mister Roland e Paraguaii. Voltando aos “P”, o processo diz respeito às residências artísticas desenvolvidas antes de o festival começar, cujo resultado é agora mostrado em showcase; o pensamento, às conferências e conversas que juntam centenas de profissionais, portugueses e estrangeiros, a discutir “os desafios colocados [à música] pela aceleração do mundo”.
Música
Uma banda num sax
Quem escutar com atenção trabalhos de Arcade Fire, Bon Iver, Feist, TV On The Radio ou Tom Waits há-de encontrá-lo. O saxofonista Colin Stetson, que se move entre o jazz e o indie-rock, impressiona pela técnica, pela estética e por conseguir soar como uma banda inteira. Longe de ser apenas um instrumentista, é compositor com provas dadas. Autor da trilogia New History Warfare, foi nomeado duas vezes para o prémio Polaris. O álbum All This I Do For Glory (2017) motiva o regresso a Portugal para dois concertos em nome próprio e outro no festival Tremor (já esgotado).
Dança
Sophia em movimento
A Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo prepara-se para estrear um novo espectáculo. Na verdade, três: Em Redor da Suspensão, Outono e Requiem, com música de Rachmaninov, Mahler e Britten, respectivamente. Vasco Wellenkamp, fundador da companhia, trata das coreografias (em parceria com Miguel Ramalho na primeira). Combinam-se Na Substância do Tempo, um programa que homenageia Sophia de Mello Breyner Andresen a propósito do centenário do seu nascimento e que vai andar pelo país até ao final do ano. Depois da estreia no Teatro Camões, em Lisboa, vai à Moita (27 de Abril), a Setúbal (31 de Maio), a Bragança (7 de Setembro) e a Coimbra (29 de Novembro), fechando o périplo com um regresso à capital, mas ao Centro Cultural de Belém (13 de Dezembro).
Música
Substância(s) ao vivo
Outra substância e outro tempo vêm na bagagem de Peter Hook: a Manchester de Joy Division e New Order, grupos míticos da cena musical inglesa dos anos 1970/80 a que o baixista fica para sempre associado. The Light, a banda que em 2010 prestou tributo ao malogrado Ian Curtis no FAC251 (o clube que, pelas mãos de Hook, veio recuperar o lendário quartel-general da Factory), acompanha-o ao vivo. No alinhamento vem a lembrança dos singles das compilações Substance: a que os New Order publicaram em 1987 e a que saiu no ano seguinte com material dos Joy Division.