Um horizonte de nuvens eleitorais

A Espanha vai a votos para mudar os protagonistas. As políticas ambientalistas, e de água, são causa menor desse embate, como o foram na Andaluzia.

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Sánchez e Costa voltarão a estar juntos? LUSA/ANTÓNIO COTRIM

“Este governo do PSOE [Partido Socialista Operário Espanhol] era bem melhor do que o anterior executivo socialista [liderado por José Luíz Rodriguez Zapatero]”, observava, há dias, um técnico português envolvido na última década do século XX nos trabalhos da Convenção de Albufeira, assinada em 1998 na cidade algarvia e em vigor desde Janeiro de 2000 para a gestão conjunta dos recursos hídricos dos rios internacionais, Douro, Tejo e Guadiana.

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“Este governo do PSOE [Partido Socialista Operário Espanhol] era bem melhor do que o anterior executivo socialista [liderado por José Luíz Rodriguez Zapatero]”, observava, há dias, um técnico português envolvido na última década do século XX nos trabalhos da Convenção de Albufeira, assinada em 1998 na cidade algarvia e em vigor desde Janeiro de 2000 para a gestão conjunta dos recursos hídricos dos rios internacionais, Douro, Tejo e Guadiana.

A melhoria notada em Lisboa era relativa às grandes traves da política ambientalista do outro lado da fronteira do governo de Pedro Sánchez e, sobretudo, da ministra para a Transição Ecológica Teresa Ribera. No seu ministério, foram reunidos as funções tradicionalmente atribuídas às pastas de Energia e Ambiente. Só que o horizonte próximo está marcado por nuvens, pelas eleições antecipadas de 28 de Abril, e já foi marcado pela mudança de cor política do executivo regional andaluz, onde o Partido Popular (PP) e o Cidadãos substituíram o tradicional poder socialista.

A mais de 20 dias das eleições, não são conhecidas as políticas de ambiente defendidas pelo PP e Cidadãos (CD´s) nem a sua possível articulação na coligação que poderá levar aqueles dois partidos ao poder. O leit motiv da campanha é retirar do poder o PSOE de Sánchez ao qual, contudo, as sondagens ainda mantêm como força mais votada. É, portanto, uma operação política que se prepara, e que poderá contemplar uma aproximação entre socialistas e CD´s. De políticas de ambiente pouco se sabe, a não ser o tradicional apego do PP às políticas de transferências de água, sobretudo do Tejo, para as comunidades autónomas que lhe são afins politicamente.

“Não tem sentido pensar que vamos apoiar macro projectos urbanísticos ou grandes explorações de regadio ainda que não haja [água] e supondo que no-la darão”, anunciou a ministra Teresa Ribera em entrevista ao El País. E disse mais: “Uma coisa extraordinária, como as transferências de água [entre bacias hidrográficas] não se pode converter em ordinário.”

Qual a vontade dos futuros dirigentes, quais os paradigmas defendidos por quem tem possibilidades de vir a governar, é uma incógnita. O caso recente da mudança de orientação política na Andaluzia, com o PSOE a ser preterido a favor de uma coligação do PP com os Cidadãos, e com o apoio parlamentar da ultra direita do Vox, não permite qualquer pista. O já nomeado responsável do sector hidrográfico andaluz escapa ao “radar” dos técnicos portugueses. É um desconhecido e, tal como no plano nacional, na Andaluzia não foi o Ambiente que diferenciou as propostas políticas nem moveu os eleitores.

À margem desta indefinição, está a sociedade civil e o conjunto de organizações não governamentais e ambientalistas dos dois países, cuja colaboração foi dinamizada pelas nova políticas de Madrid. Só neste campo, o horizonte é claro.