CDS aprova listas de deputados por maioria mas com críticas
Grupo de Lobo d’Ávila faltou ao conselho nacional, tendência interna votou contra
Dentro e fora do conselho nacional do CDS ouviram-se críticas à forma como Assunção Cristas escolheu os nomes para a parte da lista de deputados definida pela direcção nacional, mas também aos próprios nomes. As primeiras listas que a líder do CDS fez conseguiram uma votação favorável de mais de 80% no conselho nacional, onde não esteve o grupo conotado com a oposição a Cristas de Raul Almeida e de Filipe Lobo d’Ávila.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Dentro e fora do conselho nacional do CDS ouviram-se críticas à forma como Assunção Cristas escolheu os nomes para a parte da lista de deputados definida pela direcção nacional, mas também aos próprios nomes. As primeiras listas que a líder do CDS fez conseguiram uma votação favorável de mais de 80% no conselho nacional, onde não esteve o grupo conotado com a oposição a Cristas de Raul Almeida e de Filipe Lobo d’Ávila.
Entre as novidades estão três independentes, os três ex-jornalistas, e dois dos quais já trabalhavam com a líder do CDS: Sebastião Bugalho (sexto lugar em Lisboa), Raquel Abecasis (número um em Leiria) e Rui Lopes da Silva (cabeça de lista por Coimbra). Os dois últimos são chefes de gabinete de Assunção Cristas na câmara municipal e no partido, respectivamente.
Uma das vozes mais críticas na reunião desta sexta-feira, segundo relatos feitos ao PÚBLICO, foi a de Francisco Mota, da Juventude Popular, que disse abdicar de ser candidato por Braga depois de saber que o cabeça de lista era Telmo Correia, deputado que já foi eleito pelo distrito em 2015 mas que é natural de Lisboa. A indicação de candidatos oriundos da capital para todo o país foi, aliás, a crítica que o líder da concelhia de Braga exprimiu na rede social Facebook, à mesma hora em que decorria a reunião na sede nacional do partido. “O amiguismo continua a prevalecer no CDS. Lisboa continua a ‘enxamear’ o resto do País, vão desde Viana do Castelo até Faro, passando por Braga, Porto e por quase todos os distritos. Os tiques do ‘Portismo’ continuam vivos”, escreveu o vereador de Braga, assumindo que estava indisponível para ser candidato ao Parlamento em Outubro.
No mesmo sentido foi a opinião de Raul Almeida, porta-voz da lista alternativa à de Cristas no conselho nacional, ao considerar que os candidatos “são os mesmos de sempre e a distribuição descarada de lisboetas por todo o país”. “Com este passo autoritário e unilateral, Cristas assume a total responsabilidade pelos próximos resultados eleitorais. Consigo ficarão os que pactuam calando, para o bem e para o mal”, escreveu também no Facebook. Este grupo de conselheiros faltou à reunião por ter discordado da definição da quota nacional no anterior conselho nacional, em Janeiro passado.
O nome de Sebastião Bugalho foi contestado por um conselheiro de Lisboa, Pedro Barros Ferreira, o que levou a que Assunção Cristas justificasse a escolha, mas as suas explicações geraram burburinho na sala. De Leiria também se ouviram críticas à opção por Raquel Abecasis, que é natural de Lisboa, assim como conselheiros do Porto também mostraram o seu desagrado pela imposição de candidatos no distrito.
A responsabilização da líder do CDS-PP pelas escolhas foi também a tónica da intervenção de Abel Matos Santos, porta-voz da Tendência Esperança em Movimento, corrente interna que tem sido crítica da actual direcção. O conselheiro nacional defendeu que o bom resultado do CDS será “mérito” de Assunção Cristas, como um mau resultado será totalmente da responsabilidade da líder do partido. Os elementos da TEM votaram contra a quota nacional das legislativas e abstiveram-se na lista das europeias, depois de Abel Matos Santos ter forçado a votação secreta.
Fora do conselho nacional, o líder da concelhia da Figueira da Foz do CDS, escreveu uma carta a Assunção Cristas, dizendo-se “bastante incomodado por ver ser nomeado para cabeça de lista às eleições legislativas” o chefe de gabinete da presidente do partido: Rui Lopes da Silva. “Sem desprimor para a pessoa que não conheço (apesar de estar há largas dezenas de anos no CDS) considero que esta indigitação prefigura uma notável falta de consideração e de respeito para com os militantes, pelo menos da Figueira da Foz”.
Listas aprovadas
Já de madrugada, as listas para o Parlamento foram aprovadas por 82,6% de votos a favor, 12% contra e 5,4% de nulos e brancos. Quanto às europeias lideradas por Nuno Melo, os votos favoráveis foram mais expressivos – 91% - tendo registado 3% contra e 5,7% de nulos e brancos.
Durante a reunião, Assunção Cristas também ouviu elogios à forma como fez as listas, um dos quais veio de Filipe Anacoreta Correia, que será cabeça de lista por Viana do Castelo. A própria líder do CDS sublinhou, já este sábado de manhã, numa declaração na sede do partido, que a lista conjuga renovação com experiência, novidade e continuidade e valoriza o mérito dos deputados”, abrindo-se “à juventude e a independentes”.
Assunção Cristas é a cabeça de lista por Lisboa, seguida por Ana Rita Bessa, que faz parte da equipa que está a elaborar o programa eleitoral para as legislativas, e pelo líder da distrital de Lisboa, João Gonçalves Pereira, deputado e vereador na capital. No Porto, a número um é Cecília Meireles, vice-presidente do partido. Para a segunda posição foi indicado o líder da Juventude Popular, Francisco Rodrigues dos Santos. Em vários distritos mantêm-se os cabeças de lista: Viseu (Helder Amaral), Santarém (Patrícia Fonseca), e Aveiro (João Almeida). João Rebelo será o candidato por Faro, depois da saída de Teresa Caeiro.