Turista ou residente, a cidade tem de ter lugar para todos

Lisboa é uma das 16 cidades que assinaram uma carta de intenções para promover um turismo mais sustentável.

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Marta Rodriguez

O princípio parece simples: as cidades têm de ser boas para quem as habita e para quem as visita. Da teoria à prática vai, no entanto, uma grande distância e é hoje reconhecido em muitos sítios que a balança está desequilibrada, o que se traduz em consequências económicas, sociais e ambientais.

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O princípio parece simples: as cidades têm de ser boas para quem as habita e para quem as visita. Da teoria à prática vai, no entanto, uma grande distância e é hoje reconhecido em muitos sítios que a balança está desequilibrada, o que se traduz em consequências económicas, sociais e ambientais.

Para começar a encarar o problema de frente, autarcas de 16 cidades, governantes e representantes de organizações internacionais assinaram esta sexta-feira em Lisboa a declaração “Cidades para todos: construindo cidades para cidadãos e visitantes”. Mais do que propor acções concretas, o documento é uma carta de intenções para que o turismo urbano seja mais sustentável.

“Se calhar estamos um bocadinho atrasados”, reconheceu o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo na conferência de imprensa que antecedeu a assinatura da declaração. Para Zurab Pololikashvili, este Fórum de Autarcas para o Turismo Urbano Sustentável tem a vantagem de pôr cara a cara os presidentes de câmara de cidades de várias partes do mundo (Lisboa, Barcelona, Bruges, Dubrovnik, Tblisi, São Paulo e Seul, entre outras) e representantes de empresas, como o Airbnb, que têm revolucionado a forma de fazer turismo e também as cidades onde operam.

Turismo e sustentabilidade. Um casamento que “não é incompatível” e que “é essencial para o desenvolvimento futuro do turismo”, disse Fernando Medina, anfitrião do encontro, sublinhando a grande importância económica deste sector para Lisboa: 10 mil milhões de euros gerados; mais de 150 mil empregos. “O nosso futuro como cidade está ligado a sermos bem-sucedidos em tudo”, afirmou. “Higiene urbana, transportes públicos, habitação, autenticidade” são, para o autarca, alguns dos desafios que a procura turística exacerbou e que precisam de resposta adequada.

Na declaração, com 15 pontos, os signatários comprometem-se, por exemplo, a “considerar os turistas como ‘residentes temporários’ e garantir que as políticas do turismo promovem uma relação holística entre visitantes e residentes”. Ou a alinhar as suas políticas de turismo com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, sobretudo o 11º, que reza: “Fazer cidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis”.

Da lista de intenções constam ainda “a integração das comunidades locais na cadeia de valor turística”, “incentivar práticas sustentáveis que promovam um uso mais eficiente dos recursos e a redução de emissões e de lixo”, “investir em tecnologia, inovação e parcerias para promover destinos inteligentes” ou “promover produtos e experiências turísticas inovadoras (…) que permitam à cidade diversificar a procura no tempo e no espaço, promover estadias mais longas e atrair os segmentos de visitantes adequados”.

Também presente no encontro, o ministro da Economia congratulou-se por Portugal ter hoje “a mais baixa taxa de sazonalidade da Europa”, o que significa que consegue “atrair turistas ao longo de todo o ano”. Pedro Siza Vieira disse ainda que a linha de apoio à sustentabilidade no turismo já apoiou 21 projectos, num total de seis milhões de euros.