SOS Quinta dos Ingleses volta a manifestar-se contra megaurbanização em Carcavelos
Grupo de cidadãos convocou uma manifestação para este domingo para contestar o avanço de um projecto urbanístico junto à marginal, em Carcavelos, nuns terrenos conhecidos por Quinta dos Ingleses. O ponto de encontro da manifestação está mercado para as 10h30, na Avenida Jorge V, junto à entrada do St. Julian’s School.
O movimento de cidadãos SOS Quinta dos Ingleses convocou uma manifestação “pelas árvores que se mantêm de pé na Quinta dos Ingleses” para este domingo. Em causa está a construção de um empreendimento numa área com 54 hectares que se localiza junto à praia de Carcavelos e ao colégio inglês St. Julian's.
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O movimento de cidadãos SOS Quinta dos Ingleses convocou uma manifestação “pelas árvores que se mantêm de pé na Quinta dos Ingleses” para este domingo. Em causa está a construção de um empreendimento numa área com 54 hectares que se localiza junto à praia de Carcavelos e ao colégio inglês St. Julian's.
Não é a primeira vez que este grupo de cidadãos se manifesta contra este empreendimento que prevê a construção de 906 fogos, sem condomínios privados, que deverão ter capacidade para acolher mais de 2300 residentes. Já o fez em Março do ano passado, defendendo a reversão deste mega-empreendimento previsto no Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos - Sul (PPERUCS), ou que, pelo menos, a redução da sua área de construção.
Além de habitação, naqueles terrenos deverão nascer também um hotel de cinco pisos, espaços comerciais e de serviços e um espaço empresarial. Para o parque urbano estão destinados cerca de dez hectares. O projecto prevê ainda a construção de equipamentos desportivos – um novo centro gímnico e dois campos de futebol – e de um novo centro paroquial e um centro de dia. Poderão ser gerados, directa e indirectamente, 4251 postos de trabalho.
“Convocamos esta acção para 7 de Abril, Dia Mundial da Saúde, pois a destruição avassaladora dos espaços verdes de Cascais, constitui uma clara ameaça à saúde e bem-estar de todos, agravando a poluição, o aquecimento global e o avanço do mar, designadamente, na praia de Carcavelos”, refere o movimento de cidadãos em comunicado.
Em Setembro do ano passado, este grupo de cidadãos foi ouvido pela Comissão de Ambiente da Assembleia da República, depois de terem lançado uma petição contra o avanço do projecto que reuniu mais de 7000 assinaturas. No entanto, no relatório elaborado, os deputados desta comissão acabaram por considerar que o Parlamento não teria “competência para se pronunciar” quanto à revogação do PPERUCS, remetendo responsabilidades para a câmara de Cascais.
Este grupo de cidadãos não quer que a “última grande quinta de Carcavelos” se transforme “em mais um jardim de cimento”. “Exigimos que na Quinta nasça um parque urbano para usufruto de todos! Que as árvores, durante anos deixadas à sua sorte, sejam tratadas; que se plantem outras, mantendo-se ali uma área verde, naturalizada e sustentável, um local onde as nossas famílias possam conviver à sombra das árvores, ouvir e observar os pássaros, correr, caminhar, pedalar, fazer piqueniques... Ou simplesmente respirar um ar mais limpo, sem terem de se deslocar – como hoje acontece – para outros concelhos. Isto sim trará mais saúde e qualidade de vida a todos”, consideram.
A construção na Quinta dos Ingleses tem sido adiada desde a década de 1960, por questões ambientais e sociais, já que o projecto se localiza numa zona sensível que inclui áreas integradas na Reserva Ecológica Nacional (REN), que são “relevantes para a sustentabilidade do ciclo hidrológico, áreas de protecção do litoral, áreas de prevenção de riscos naturais”, refere o estudo de impacto ambiental.
Em 2001, o projecto foi chumbado pela Assembleia Municipal de Cascais, por parte de todos os partidos com assento. No entanto, acabou por ser aprovado 13 anos depois.
No entanto, não se verá tão cedo o resultado, já que a construção deverá estender-se ao longo de 15 anos, com um investimento que poderá chegar aos 270 milhões de euros, por parte dos promotores — a imobiliária Alves Ribeiro e a St. Julian’s School Association. Um dos argumentos da autarquia para justificar a empreitada do plano prende-se com o “risco” de a Câmara de Cascais ter de pagar uma indemnização de 264 milhões de euros aos promotores, caso o projecto não avance. O alvará de loteamento estará em consulta pública até 16 de Abril, disse ao PÚBLICO fonte da autarquia.
O ponto de encontro da manifestação está mercado para as 10h30, na Avenida Jorge V, junto à entrada do St. Julian's School.