As novas máquinas que trabalham por humanos
A tecnologia promete cidades com carros que se conduzem sozinhos, menos acidentes em minas, fábricas diferentes e produtos menos caros.
Há cada vez mais trabalho para as máquinas que, nos últimos anos, se tornaram capazes de analisar grandes quantidades de dados, de desempenhar tarefas pesadas e de precisão e de tomar algumas decisões.
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Há cada vez mais trabalho para as máquinas que, nos últimos anos, se tornaram capazes de analisar grandes quantidades de dados, de desempenhar tarefas pesadas e de precisão e de tomar algumas decisões.
Robôs nas profundezas
Um dos destinos dos robôs são os locais onde os humanos não querem ir. Máquinas com braços para recolher amostras, brocas autónomas e camiões que se conduzem sozinhos podem tornar-se comuns na extracção de metais e minerais usados para construir dispositivos electrónicos, da grafite da bateria ao silício do processador.
O objectivo é reduzir a necessidade de humanos nas minas, em que explosões e colapsos são riscos reais. O Julius e o Alexander, do projecto alemão Mining-ROX, são exemplos. Têm o tamanho de um carrinho de choque. Enquanto o Julius usa uma mão robótica para recolher e analisar amostras de minerais no local, o Alexander avalia a segurança e mapeia o terreno da mina. Em caso de emergência, como prédios a ruir, o Anymal é um robô que entra primeiro. Com uma câmara como cabeça e pernas metálicas, o robô suíço – que corre, sobe e desce escadas – é rápido a procurar sinais de vida.
Em 2018, para ajudar os jovens futebolistas presos na gruta tailandesa de Tham Luang, foram usados drones equipados com câmaras para criar mapas em 3D e identificar pontos de acesso à caverna.
Imprimir peças, carros e casas
Em 2019 já se imprimem réplicas de crânios ancestrais, pequenas partes de foguetões e até modelos de casas. Mas a promessa da impressão 3D tem demorado a concretizar-se, desde que o entusiasmo com a tecnologia explodiu em 2013 – altura em que até Barack Obama, então Presidente dos EUA, disse que a tecnologia tinha “o potencial de mudar como se faz tudo”.
O interesse renovado de empresas automóveis pode acelerar o processo. Em Dezembro, a Volkswagen abriu um centro de impressão 3D em Wolfsburgo, na Alemanha. O objectivo é começar a produzir partes estruturais de carros nos próximos três anos. Há já 90 impressoras a reproduzir peças raras de alguns modelos. A BMW também investiu dez milhões de euros num campus de impressão 3D. No entanto, a analista Deloitte prevê que, em 2020, o mercado da impressão 3D nas grandes empresas valha apenas 2,7 mil milhões de dólares, um valor pequeno no contexto industrial.
A tecnologia depende de máquinas que sobrepõem camadas de plástico ou metal até criar objectos tridimensionais. A flexibilidade é muita: podem-se produzir peças do pára-choques num dia e bicicletas noutro. Fora do sector automóvel, a Adidas já imprime algumas solas de ténis, e na medicina procura-se a impressão de próteses robóticas a um custo reduzido.
Tirar o humano do volante
O Japão quer uma frota de táxis a conduzir sozinhos nos Jogos Olímpicos de 2020. Em Paris, desde 2017 que há carrinhas a cruzar a ponte Charles de Gaulle sem condutor. No Reino Unido e nos EUA, somam-se experiências com camiões de mercadoria sem ninguém ao volante. E Portugal e Espanha estão a preparar corredores de teste para veículos autónomos.
No total, somam-se 125 projectos-piloto da tecnologia pelo mundo (os dados são do Instituto Aspen, nos EUA). A informação depende de câmaras, radares e sensores para identificar veículos, peões e objectos.
O transporte de mercadorias é das áreas de maior interesse porque as máquinas não são afectadas pela exaustão de viagens longas. Nos EUA, a empresa TuSimple está a criar câmaras com visão nocturna para pôr camiões a circular sozinhos em ambientes mal iluminados.
Na China, além de diminuir o trânsito, quer-se apoiar a população idosa. E na Alemanha já há um guia ético sobre como os carros devem agir em acidentes inevitáveis (a prioridade é poupar vidas).
Em Janeiro, dezenas de empresas na área (como a Uber, o Google e a BMW) formaram uma parceria: a visão é um futuro com menos trânsito, acidentes e poluição, e mais tempo livre.