Turistas estão a ser incitados a não usar burros para subir os degraus íngremes de Santorini

Os burros são conhecidos por transportarem turistas pelas ruas estreitas e degraus inclinados da ilha grega. Depois de serem detectadas lesões graves nas colunas dos animais, activistas decidiram lançar uma campanha de sensibilização para o problema.

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“Coloque-se nos seus cascos.” Esta será a frase que todos os turistas irão ouvir (e a hipótese que terão de considerar) antes de decidirem se querem mesmo subir os 600 degraus que serpenteiam a encosta e os penhascos da ilha grega de Santorini nas costas de um burro. 

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“Coloque-se nos seus cascos.” Esta será a frase que todos os turistas irão ouvir (e a hipótese que terão de considerar) antes de decidirem se querem mesmo subir os 600 degraus que serpenteiam a encosta e os penhascos da ilha grega de Santorini nas costas de um burro. 

Activistas da região, em colaboração com a indústria de cruzeiros, decidiram tomar uma posição conjunta e sensibilizar aqueles que visitam a ilha para o stress que a viagem vertiginosa com carga humana às costas coloca nos animais.

“A campanha In Their Hooves​ está prestes a começar. Alguns representantes das associações de navios de cruzeiro já estiveram no meu escritório esta semana e prometeram aumentar a consciencialização [sobre o problema]. Do nosso lado, distribuiremos panfletos informativos pela ilha. As mulas e burros fazem parte da nossa tradição e foram os donos mais jovens que entenderam que eles precisam de ser cuidados”, garantiu Nikos Zorzos, o autarca da ilha, à agência noticiosa italiana Agenzia Giornalistica Italia (AGI) esta terça-feira. 

Os animais são usados há vários séculos para fazerem o transporte de pessoas do porto da ilha vulcânica para a zona central de Santorini que fica a 400 metros acima do nível do mar. A instalação de um teleférico com cinco cabines ajudou a diminuir a carga para os burros, isto antes de a ilha se tornar um dos destinos de férias mais cobiçados no mundo. A AGI estima que mais de 17 mil turistas desembarcam diariamente no porto da pequena ilha de 76 quilómetros quadrados.

Sob a pressão do turismo, mais e mais animais foram sendo adquiridos pelas empresas responsáveis por estes serviços, o que levou a que os animais sofressem lesões na coluna, feridas e graus elevados de exaustão nos últimos anos.

Uma ‘experiência grega real'

No Verão de 2018, mais de 108 mil pessoas assinaram uma petição online condenando a actividade que descreviam como a “tortura irracional e desnecessária usada como transporte cruel para pessoas que querem viver uma ‘experiência grega real'”. A situação piorou quando começaram a circular nas redes sociais imagens de turistas com excesso de peso em cima dos burros, acompanhadas de relatos de maus tratos e negligência por parte dos cuidadores. O caso acabou por chamar a atenção dos meios de comunicação social.

Todo o burburinho à volta da questão fez com que o governo grego chegasse mesmo a promulgar uma lei, em Agosto de 2018, que faz com que o acto de sobrecarregar animais com “qualquer carga superior a 100 kg ou um quinto do peso corporal do passageiro” seja ilegal. Embora os turistas não tenham sido mencionados directamente na lei, esta foi interpretada como um impedimento para que os turistas com excesso de peso montassem os burros.

Os activistas que lutam pelos direitos dos animais defendem agora que este tipo de decisões não deve passar apenas pelos proprietários do animais, e que os visitantes da ilha devem estar suficientemente informados para que tomem as suas próprias decisões.

A campanha dos activistas locais está a ser apoiada pela fundação britânica The Donkey Sanctuary. A associação tem como objectivo proteger e lutar pelos direitos das mulas e dos burros em todo o mundo. O projecto In Their Hooves foi ilustrado por um vídeo que sensibiliza turistas e moradores para o problema. O vídeo vai passar a ser exibido por várias empresas de navios de cruzeiros que chegam e partem da ilha todos os dias. 

A AGI estima que existam cerca de quatro mil burros e mulas em toda a ilha. Segundo o autarca de Santorini, a medida entrará em vigor ainda este ano e será reforçada com o espaçamento do número de turistas que podem desembarcar na ilha.