Primavera da Casa da Música tem jazz, Stabat Mater e Ligeti

Bandas Erik Friedlander’s Throw a Glass e Chris Potter Circuits Quartet actuam esta quarta-feira na Sala Suggia, a abrir um trimestre que vai dar a conhecer o Estado da Nação e novas tendências da música europeia.

Fotogaleria

Abre com jazz, vai ter dois Stabat Mater nos Concertos de Páscoa, música portuguesa contemporânea e também a música revolucionária de Ligeti – é a programação da Primavera da Casa da Música.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Abre com jazz, vai ter dois Stabat Mater nos Concertos de Páscoa, música portuguesa contemporânea e também a música revolucionária de Ligeti – é a programação da Primavera da Casa da Música.

Um concerto duplo no Ciclo de Jazz, esta quarta-feira (Sala Suggia, 21h), dá a ouvir duas formações centrais na cena jazzística norte-americana actual: o Erik Friedlander’s Throw a Glass e o Chris Potter Circuits Quartet. A primeira, liderada por um violoncelista nova-iorquino conhecido pelas colaborações com John Zorn – e contando também com o consagrado pianista Uri Caine –, vem apresentar um álbum novo a sair ainda este mês, Artemisia. O saxofonista Chris Potter, que tocou já com Paul Motion, Dave Holland e Dave Douglas, entre tantos outros, traz ao Porto o quarteto com que gravou, já este ano, o disco Circuits (Edition Records).

Ao contrário do que é habitual, fruto da data alta da Páscoa deste ano, o mês de Abril vai contar logo com dois dos ciclos que tradicionalmente fazem a Primavera da Casa da Música: Concertos de Páscoa e Música & Revolução. Os primeiros têm este ano a particularidade – realçou esta terça-feira o director artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, na apresentação do calendário sazonal – de dar a ouvir dois Stabat Mater, a representação do sofrimento de Maria perante a crucificação de Jesus, de autoria de Antonin Dvorák (dia 13) e de G.B. Pergolesi (dia 17). O primeiro, num concerto que reúne três agrupamentos da Casa, a Sinfónica e os dois coros, dirigidos pelo maestro titular Baldur Brönnimann; o segundo, já com a Orquestra Barroca, dirigida por Laurence Cummings.

Desde o ano passado, em que se centrou na obra de Anton Webern, o ciclo Música & Revolução põe em destaque a obra de um só compositor. Este ano, haverá uma “imersão total” na obra do húngaro György Ligeti (1923-2006), com três concertos duplos, um concerto-instalação (Poema sinfónico para 100 metrónomos, uma peça conceptual criada na década de 60 para o grupo Fluxus) e um documentário realizado por Michel Follin (27 a 30 de Março). “Ofereço o meu credo estético: a minha independência dos critérios da vanguarda e do pós-modernismo em voga”, disse Ligeti, agora citado por António Jorge Pacheco a salientar o carácter revolucionário deste compositor na cena da música europeia da sua época. Além do Remix Ensemble, a música de Ligeti vai ser também interpretada, no seu regresso à Sala Suggia, pelo pianista francês Pierre Laurent Aimard, para quem o autor húngaro compôs alguns dos seus Estudos.

Além de dar continuidade ao ano Novo Mundo, nomeadamente com um concerto de jazz sinfónico que associa a Orquestra do Porto e a Orquestra Jazz de Matosinhos a interpretar Stravinski, Duke Ellington e o estoniano Erkki-Sven Tüür (dia 18), Maio será o mês do Rito da Primavera. Um ciclo que volta a subdividir-se nos programas Spring On, um fim-de-semana de concertos duplos dedicados às novas tendências do jazz português e europeu (dias 2 a 4); no Prémio Novos Talentos (final no dia 4); e no ECHO Rising Stars, apresentando jovens intérpretes de escolas europeias (dias 17 a 19).

Mas este será também o mês em que entra em cena, como Artista em Residência, o alemão Jörg Widmann (n. 1973). Compositor, maestro e clarinetista, apresentado como “um dos artistas mais versáteis da sua geração”, Widman vai começar por interpretar, com a Sinfónica do Porto, o Concerto para clarinete e orquestra de Mozart (dia 3), e depois, já com o Remix, uma peça de Wolfgang Rihm para clarinete e ensemble, no mesmo programa em que será feita em Portugal a estreia da sua obra Danças do Dubai, composta numa residência feita em 2009 nesta cidade do Golfo Pérsico (dia 11).

No final de Maio, o programa que anualmente homenageia a pianista e professora Helena Sá e Costa (1913-2006) vai este ano, pela primeira vez, precisar de dois dias (25 e 26) para acolher as muitas centenas de teclistas de escolas de todo o país – “o ano passado foram mais de 700”, nota António Jorge Pacheco –, numa maratona que preencherá todos as salas e recantos da Casa. Mas o programa abre logo na sexta-feira, dia 24, com a estreia na Sala Suggia do maestro e pianista francês David Fray, descrito pelo director artístico da instituição como “um poeta e talvez o mais inspirado e original intérprete de Bach da sua geração” – vem tocar e dirigir a Sinfónica do Porto em dois concertos de Bach e um de Mozart.

Presença também incontornável, e habitual, no Ciclo de Piano é a do russo Grigory Sokolov, que este ano vem tocar Beethoven e Brahms (7 de Maio).

Em Junho, e em ano ímpar, a Casa da Música avalia O Estado da Nação, com quatro concertos na Sala 2 (dias 4 a 12) a dar a conhecer obras de 18 compositores portugueses – que depois serão editadas em CD.