Confirmado: há metano em Marte
Através do robô Curiosity e da sonda Mars Express, uma equipa internacional de cientistas fez a primeira confirmação independente de que existe metano no planeta vermelho.
Há muito que se fala na existência de metano em Marte. Agora uma equipa internacional de cientistas anunciou na revista científica Nature Geoscience que conseguiu a primeira confirmação independente da detecção de metano no planeta vermelho. Esta confirmação foi detectada pelo robô Curiosity (da NASA), em 2013, e apoiada por uma observação de um instrumento a bordo da sonda Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA).
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Há muito que se fala na existência de metano em Marte. Agora uma equipa internacional de cientistas anunciou na revista científica Nature Geoscience que conseguiu a primeira confirmação independente da detecção de metano no planeta vermelho. Esta confirmação foi detectada pelo robô Curiosity (da NASA), em 2013, e apoiada por uma observação de um instrumento a bordo da sonda Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA).
O metano é uma pequena molécula constituída por um átomo de carbono ligado a quatro átomos de hidrogénio. “Esta molécula suscita muita atenção porque na Terra o metano é gerado por organismos vivos, assim como processos geológicos”, refere a ESA em comunicado. “Como pode ser destruído rapidamente por processos atmosféricos, qualquer detecção da molécula na atmosfera marciana significa que esta deve ter sido libertada há relativamente pouco tempo – mesmo que o metano tenha sido produzido há milhões ou milhares de milhões de anos e estivesse presa em reservatórios subterrâneos até agora.”
Sobre as detecções de metano em Marte, lê-se no artigo publicado esta segunda-feira: “Relatos da detecção de metano na atmosfera de Marte têm sido intensamente debatidos. A presença de metano pode melhorar a habitabilidade e até mesmo ser uma assinatura de vida.” Por exemplo, uma das primeiras medições a partir de órbita, em 2004, foi da Mars Express.
No comunicado da ESA adianta-se ainda que as observações feitas no espaço ou a partir da Terra revelaram uma baixa detecção de metano, medições no limite das capacidades dos instrumentos ou foram nulas. Em Dezembro do ano passado, cientistas da sonda Exomars Trace Gas Orbiter (também da ESA) referiram que não tinha detectado sinais de metano na atmosfera de Marte desde que a sonda está na órbita de Marte desde 2016.
Agora, através de uma técnica de observação que permite recolher dados de várias centenas de medições numa área num curto período de tempo, uma outra equipa detectou “um sinal forte” de metano medido pelo Curiosity a 15 de Junho de 2013. Esta detecção teve ainda o apoio de uma outra observação de um espectrómetro a bordo da Mars Express no dia seguinte na cratera de Gale.
Enquanto o Curiosity mediu um volume de metano de cerca de seis partes por mil milhões na cratera de Gale, o instrumento da Mars Express registou cerca de 15 partes por mil milhões de metano por cima da cratera. Além disso, a equipa refere que a “identificação desta provável localização de libertação” de metano poderá ser o foco de futuras investigações.
“Embora partes por milhar de milhão – em geral – signifiquem uma quantidade relativamente pequena, é algo bastante notável para Marte”, explica Marco Giuranna, do Instituto Nacional de Astrofísica (Itália) e um dos autores do artigo. O cientista acrescenta ainda que a medição feita neste estudo corresponde a uma média de cerca de 46 toneladas de metano numa área de 49 mil quilómetros.
“Os nossos resultados constituem a primeira confirmação independente de uma detecção de metano”, afirmou ao jornal britânico The Guardian Marco Giuranna. “Antes deste estudo, as detecções de metano em Marte, quer fossem in situ, em órbita ou em telescópios a partir da Terra, não tinham sido confirmadas por observações independentes.”
E de onde vem exactamente o metano? Se na altura da detecção do Curiosity se especulou que a libertação poderia ter ocorrido dentro da cratera de Gale, agora os dados da Mars Express questionam essa proveniência. “Com base nas provas geológicas e na quantidade de metano que medimos, achamos que a fonte provavelmente não está localizada dentro da cratera”, indica Marco Giuranna.