Portugal e Espanha anunciam programa conjunto para assinalar os 500 anos da circum-navegação

Os governos português e espanhol anunciaram esta segunda-feira um programa conjunto para assinalar “o V centenário da circum-navegação de Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano”, encerrando assim a polémica criada pela posição da Real Academia de História de Espanha, que reivindicara a viagem como um projecto exclusivamente espanhol.

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A vice-presidente do executivo espanhol, Carmen Calvo, e o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva LUSA/ANTÓNIO COTRIM

“Neste ano de 2019 comemoram-se os quinhentos anos da partida da expedição que, comandada por Fernão de Magalhães e finalizada por Juan Sebastián Elcano, acabou por dar a primeira volta ao mundo, três anos depois, em 1522”, diz um comunicado dos governos de Portugal e Espanha apresentado esta segunda-feira pela vice-presidente do executivo espanhol, Carmen Calvo, e pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que anunciaram — de manhã em Madrid e ao final da tarde em Lisboa — um programa de comemorações conjunto e uma candidatura comum da rota da viagem a património mundial da humanidade.

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“Neste ano de 2019 comemoram-se os quinhentos anos da partida da expedição que, comandada por Fernão de Magalhães e finalizada por Juan Sebastián Elcano, acabou por dar a primeira volta ao mundo, três anos depois, em 1522”, diz um comunicado dos governos de Portugal e Espanha apresentado esta segunda-feira pela vice-presidente do executivo espanhol, Carmen Calvo, e pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que anunciaram — de manhã em Madrid e ao final da tarde em Lisboa — um programa de comemorações conjunto e uma candidatura comum da rota da viagem a património mundial da humanidade.

É o fim da polémica criada pela posição da Real Academia de História de Espanha, que num relatório produzido a pedido do jornal ABC, defendeu que a circum-navegação foi, desde o início, um projecto exclusivamente espanhol, e criticou o governo português por ter avançado com uma candidatura da rota de Magalhães a património da humanidade que menorizaria o papel desempenhado por Elcano e pelo império espanhol. 

Na sessão em Madrid, que decorreu, sem direito a perguntas, numa sala da sede da Armada espanhola decorada com os retratos de Magalhães e Elcano, interveio ainda o historiador José Álvarez Junco, que lembrou que o termo “Espanha” designava na época toda a Península Ibérica, com os seus reinos rivais de Castela e Portugal, e que, segundo relata o jornal El País, avisou ainda que “nesta celebração cabem todos” e só “não há lugar para as glórias nacionalistas actuais”.

Além de confirmar a promoção conjunta de uma candidatura à Unesco, que envolverá também os restantes países da rota de Magalhães, o comunicado divulgado esta segunda-feira anuncia a realização de viagens de circum-navegação pelos navios-escola Sagres e Juan Sebastián Elcano, em 2020 e 2021, a inauguração de uma exposição itinerante sobre a circum-navegação a ser co-organizada pelos ministérios da Cultura dos dois países, a co-produção de uma série televisiva sobra a viagem, e ainda outras iniciativas, como a elaboração de um estudo conjunto dos institutos Camões e Cervantes dedicado à “projecção mundial do espanhol e do português”.

Recusando quaisquer apropriações nacionalistas da expedição, Carmen Calvo e Augusto Santos Silva sublinham o seu “marcado carácter europeu”, notando que a respectiva tripulação “era formada por 239 homens de Itália, França, Grécia, Alemanha, Bélgica, Países Baixos, Reino Unido, Portugal e Espanha”. E relembram também, no seu comunicado conjunto, que a rota sulcou as costas de territórios que correspondem hoje a países como Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Filipinas, Indonésia, Timor-Leste, Brunei, Moçambique, África do Sul e Cabo Verde.

Defendendo que a circum-navegação pode ser considerada “o primeiro grande feito da globalização”, os dois governantes concluem: “Trata-se de um exemplo histórico de que os nossos melhores momentos têm lugar quando todos avançamos juntos, abertos e voltados para o mundo”.