Há mais incêndios e área ardida do que em igual período do ano passado
Apesar do aumento quer em área ardida, quer em número de fogos, o fenómeno não é atípico e é até inferior à média anual dos últimos dez anos, revelam os dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Desde o início do ano até esta quinta-feira, já foram registados 3764 hectares de área ardida em Portugal. Os números são do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. O balanço revela que, durante o mesmo período, foram registados 2173 incêndios rurais. Contas feitas, houve mais 408 incêndios do que em período homólogo do último ano. Mas, apesar do aumento quer em área ardida, quer em número de fogos, o fenómeno não é atípico e é até inferior à média anual dos últimos dez anos.
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Desde o início do ano até esta quinta-feira, já foram registados 3764 hectares de área ardida em Portugal. Os números são do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. O balanço revela que, durante o mesmo período, foram registados 2173 incêndios rurais. Contas feitas, houve mais 408 incêndios do que em período homólogo do último ano. Mas, apesar do aumento quer em área ardida, quer em número de fogos, o fenómeno não é atípico e é até inferior à média anual dos últimos dez anos.
“O que estes dados mostram é que em termos de área ardida, a extensão deste ano está na média dos últimos anos”, contextualiza Paulo Fernandes, especialista em ciências florestais e ambientais. “Em 2009 e 2012 ardeu muito mais durante o Inverno do que no Verão. São fenómenos cíclicos, resultado de invernos mais secos”, explica o professor do Departamento de Ciências Florestais e Arquitectura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Em 2012, por exemplo, a área ardida era de 28.459 hectares. Foi o pior ano da última década. Nesse ano, por exemplo, foram registados 8626 incêndios. Seguiu-se 2009, com 15.307 hectares ardidos. O terceiro ano mais fustigado, em período homólogo, foi 2017, quando arderam 6250 hectares entre 1 de Janeiro e 28 de Março.
“Durante o Inverno há sempre alguns fogos, especialmente se houver dias secos por causa das queimadas”, continua o especialista. No entanto, afasta possíveis alarmismos, na semana em que o país teve 400 bombeiros a combater um incêndio em Oliveira de Azeméis, Aveiro. “Mesmo agora, olhando para o fim deste período e para o estado de seca em que estamos a começar a entrar, ainda estamos muito longe daquilo que acontece no Verão”, vinca.
“Os incêndios que tivemos nestes últimos dias foram principalmente incêndios de vento. Isto é, não foram tanto causados pelo estado seco da estação. Também não foram assim tão grandes, arderam entre 100 a 600 hectares. Mas foram incêndios que provocaram algum alarme porque aconteceram em zonas próximas da população”, sustenta o professor.
“Este fenómeno de incêndios durante o inverno acontece de três em três anos. Depende de como é esse Inverno. Não é o cenário normal. Mas há anos piores”, avalia.
Ao mesmo tempo, o especialista alerta para a importância de equilíbrio da difusão pública destes fenómenos. “Há medidas tomadas pela Protecção Civil que, a meu ver, são excessivas, ignorando que as condições variam muito de região para região. “Gera um escalar de alarmismo entre a população” que pode contribuir para a perda de eficácia destes avisos durante o Verão, avisa.