Critica aos passes sociais é visão populista, acusa Rui Moreira

Se esta medida tivesse entrado em vigor há um ano ou há seis meses já não seria eleitoralista, interroga presidente da Câmara do Porto.

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Rui Moreira com António Costa LUSA/ESTELA SILVA

O presidente da Câmara do Porto disse esta sexta-feira que os “pais” do passe único são o Governo e as áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, defendendo que críticas de eleitoralismo ilustram “a visão populista de quem esteve distraído”.

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O presidente da Câmara do Porto disse esta sexta-feira que os “pais” do passe único são o Governo e as áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, defendendo que críticas de eleitoralismo ilustram “a visão populista de quem esteve distraído”.

“Não preciso de citar ninguém para dizer que esse comentário [de eleitoralismo] ilustra bem a visão populista de quem esteve distraído por ocasião da conferência de imprensa que demos em Gaia ou por ocasião da cimeira de Sintra”, afirmou Rui Moreira na cerimónia de assinatura do Contrato do Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos (PART) entre o Estado e a Área Metropolitana do Porto (AMP).

Para o autarca, esta é “a visão de quem não entende sequer o alcance da medida”, porque “não tem mundo ou porque não é capaz de propor uma alternativa”. Rui Moreira pergunta-se mesmo que “se a medida tivesse entrado em vigor há um ano ou há seis meses já não seria eleitoralista”, se “iriam os eleitores esquecer-se de quem a aplicou ou esquecer-se da enorme poupança que vai provocar no orçamento de muitas famílias”. E sublinhou: “Tenho os portugueses em melhor conta do que isso”.

O presidente da câmara portuense, eleito como independente, defendeu que esta é “uma alternativa política”, importante do ponto de vista da justiça social, ambiental e económica, consolidando “um novo paradigma, em que as cidades passam a assumir maiores competências em matéria de mobilidade”. Tem também, sublinhou o autarca, “uma outra virtude política: uniu o Governo da República e municípios com grande diversidade económica e social, e mobilizou autarcas eleitos por diferentes forças políticas”.

Numa última nota aos “detractores desta medida” que referem as diferenças de valores de investimento entre as duas áreas metropolitanas e entre estas e o interior, o autarca defendeu que “tratar o que é diferente não é justiça, nem é equidade”.

“Seria absurdo e provinciano reivindicar para a AMP um investimento neste sistema nominalmente semelhante. E só quem não entende nada de sistemas de transporte e não conhece o mapa de mobilidade das duas regiões poderia defender, neste caso, a paridade”, salientou.

Moreira considerou que, da mesma forma, “gritar de forma populista que o mesmo montante de verbas deveria ser aplicado na redução tarifária nos transportes no interior é absurdo”, quando se sabe que “nas cidades do interior ou fora das áreas metropolitanas os movimentos pendulares consolidados” são “quase inexistentes”.

Assumindo-se como defensor da descentralização, afirmou, contudo, recusar “a visão do contabilista, que aritmeticamente divide o quinhão pelas aldeias”. O que, defendeu, “no limite, divide o país por iníqua e, na prática, não resolve nenhum dos problemas que temos em cima da mesa”.

O Governo e a AMP assinaram hoje o contrato para a entrada em vigor, em Abril, do passe único nos 17 concelhos da AMP, que custará no máximo 40 euros. A partir de segunda-feira, o novo passe Andante Metropolitano custa no máximo 40 euros mensais por utente e permite viajar em todos os operadores de transportes públicos da região.

É também criado um passe municipal, válido para os 17 concelhos que integram a AMP, com o custo de 30 euros para viagens dentro do concelho ou até três zonas contíguas. Os títulos podem ser adquiridos e carregados nas lojas Andante, pontos de venda Andante e Bilheteiras CP, mantendo-se em vigor as taxas de desconto dos tarifários sociais existentes de 25%, 50% e 60%, agora aplicada sobre as novas tarifas.