À porta do n.º 10 não faltam candidatos a torcer pelo “Mayxit”

São vários os pretendentes à chefia do Governo britânico, se e quando Theresa May anunciar a sua saída. No lado dos puristas do “Brexit” destacam-se Dominic Raab ou Boris Johnson.

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Theresa May Reuters/HENRY NICHOLLS

Quando o speaker do Parlamento britânico gritou “Order! pela enésima vez naquele fim de tarde de 15 de Janeiro, para anunciar uma derrota por números históricos na primeira votação sobre o acordo do “Brexit”, o futuro político de Theresa May perdeu anos de vida. Mas só esta sexta-feira, dois meses depois e com mais duas derrotas pelo meio, é que a porta do n.º 10 de Downing Street ficou escancarada para a multidão de candidatos à substituição da primeira-ministra britânica.

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Quando o speaker do Parlamento britânico gritou “Order! pela enésima vez naquele fim de tarde de 15 de Janeiro, para anunciar uma derrota por números históricos na primeira votação sobre o acordo do “Brexit”, o futuro político de Theresa May perdeu anos de vida. Mas só esta sexta-feira, dois meses depois e com mais duas derrotas pelo meio, é que a porta do n.º 10 de Downing Street ficou escancarada para a multidão de candidatos à substituição da primeira-ministra britânica.

Esta semana, May decidiu separar o processo do “Brexit” em dois para tentar convencer os deputados revoltosos no seu Partido Conservador a darem-lhe uma vitória no Parlamento, à terceira tentativa.

Em vez de aprovarem ou reprovarem os termos negociados pela primeira-ministra para a saída da União Europeia (UE) junto com a relação futura entre Londres e Bruxelas após o “Brexit”, a Câmara dos Comuns foi convidada a dizer apenas que aceitava o tratado jurídico do divórcio, que seria decretado no dia 22 de Maio – até lá, o Parlamento continuaria a discutir o relacionamento futuro.

Se os deputados aprovassem essa estratégia, Theresa May apresentaria a demissão de primeira-ministra, para que outra pessoa liderasse as negociações até ao dia da saída.

Não foi isso que aconteceu – o terceiro plano de May foi também derrotado, esta sexta-feira, por 344 votos contra 286, e a primeira-ministra anunciou que vai manter-se no cargo para “continuar a lutar por um ‘Brexit’ ordeiro”.

Mas ninguém espera que o futuro político de May venha a recuperar os anos de vida perdidos no dia 15 de Janeiro – e no partido não faltam vozes a pedir a sua demissão, com ou sem “Brexit”, com ou sem acordo.

A lista das figuras do Partido Conservador que estão à espera desse dia não pára de crescer, mas há quatro nomes na categoria dos pesos pesados.

Johnson

À cabeça surge Boris Johnson, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros que abandonou o Governo de May precisamente por considerar que os termos do acordo com a UE são prejudiciais para o Reino Unido.

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Desde então foi moderando a sua posição, mas só admitia votar a favor do acordo de May no Parlamento se a primeira-ministra prometesse demitir-se. Na terça-feira, deixou isso bem claro: “Para que as pessoas como eu apoiem este acordo, temos de ver uma prova de que a segunda fase de negociações será diferente da primeira.”

Raab

Outro dos pesos pesados é Dominc Raab, um antigo responsável pela pasta do “Brexit” e o que mais se opõe aos termos do acordo negociado por Theresa May com a UE – é visto como o principal opositor de Boris Johnson na ala do Partido Conservador que defende uma saída sem deixar nenhuma marca do passado (o “hard Brexit").

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É também o único que já tem em curso uma candidatura organizada nas redes sociais, com o lema “Ready for Raab" ("Prontos para Raab"). Como nunca vacilou na sua posição inicial, desde o referendo de 2016, está bem posicionado para surgir aos olhos dos puristas do “Brexit” no Partido Conservador como a figura mais indicada para substituir Theresa May.

Javid

Há também quem aposte em Sajid Javid, o responsável pela pasta do Interior. Conhecido eurocéptico, Javid começou por apoiar o “Brexit” antes do referendo, mas acabou por fazer campanha pela permanência – por causa dessa mudança de posição, viu-se forçado a desmentir notícias de que cedeu à pressão do antigo primeiro-ministro David Cameron.

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Desde a vitória do “sim” no referendo, tem defendido com unhas e dentes o respeito pelo resultado, e considera que o Reino Unido não deve manter uma união aduaneira com a UE, porque foi isso, segundo ele, que os eleitores disseram em 2016 ao pedirem a saída do bloco europeu.

Hunt

Quem também começou com “remainere mudou de posição com o passar do tempo foi Jeremy Hunt, o homem que sucedeu a Boris Johnson como responsável pelos Negócios Estrangeiros.

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Segundo os media britânicos, Hunt tem uma vantagem e uma desvantagem: por um lado, pode ter-se afastado de mais da ala mais à esquerda, com a sua viragem pró-"Brexit"; por outro lado, pode ser visto como um forte candidato a travar Boris Johnson.

Gove e os outros

A lista de candidatos à sucessão de May inclui outros nomes influentes, como Michael Gove e Matt Hancock, e muitas outras figuras com menos peso.

Gove foi o protagonista do “mais espectacular assassínio político numa geração”, segundo o Daily Telegraph. Em 2016, foi um dos mais importantes apoiantes de Boris Johnson para a liderança do Partido Conservador, após a saída de David Cameron, mas acabou por lhe tirar o tapete à última hora e apresentar-se como candidato. Perdeu a eleição para Theresa May e perdeu a ligação a Boris Johnson, e nunca chegou a recuperar politicamente da sua “jogada maquiavélica”, como lhe chamou o Guardian.

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Em sentido contrário na carreira política vai Matt Hancock, o actual secretário da Saúde, que tem conquistado popularidade com a sua proposta contra sites anti-vacinas e com os pedidos para que as empresas como o Facebook façam mais pela luta contra o suicídio entre os adolescentes.