Falta de pediatras no Garcia de Orta piorou e urgência pediátrica pode encerrar
"Em Abril, a escala de urgência pediátrica pode deixar de estar assegurada pelo que o serviço corre o risco de ser encerrado alguns dias ou em alguns períodos", denuncia a Ordem.
A Ordem dos Médicos voltou a alertar nesta quinta-feira para o “cenário muito grave” da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, em Almada, avisando que o serviço poderá encerrar alguns dias ou em alguns períodos do mês de Abril.
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A Ordem dos Médicos voltou a alertar nesta quinta-feira para o “cenário muito grave” da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, em Almada, avisando que o serviço poderá encerrar alguns dias ou em alguns períodos do mês de Abril.
Em comunicado, a Ordem dos Médicos lembra que apesar do alerta feito há dois meses e da “insistência” do Sindicato Independente dos Médicos, “a falta de pediatras no Hospital Garcia de Orta agravou-se”. “Em Abril, a escala de urgência pediátrica pode deixar de estar assegurada pelo que o serviço corre o risco de ser encerrado alguns dias ou em alguns períodos”, denuncia a Ordem.
Citado no comunicado, o bastonário da Ordem dos Médicos refere que a urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta chegou a “uma situação limite e inevitável” e defende que “não é possível ter uma urgência pediátrica aberta sem pediatras”.
De acordo com Miguel Guimarães, desde Fevereiro já saiu mais um pediatra do hospital e prevê-se a saída de mais um até ao final de Abril, sublinhando que há uma pediatra em licença de maternidade e outra que está grávida.
No mesmo comunicado, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) lembra que enviou uma carta ao conselho de administração do hospital e lamenta a “inacção” e o “desrespeito que isto demonstra pelos profissionais, pelos pais e pelas crianças”.
“Esta tem sido, aliás, a postura do Ministério da Saúde nos vários assuntos, num desaproveitamento da abertura negocial das estruturas sindicais, que se traduziu em resultados quase nulos”, diz o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, citado no comunicado.
O bastonário da OM diz que “facilmente se percebe que o cenário é muito grave” e que “não deixa de ser irónico” que o despacho que a ministra da Saúde aprovou para facilitar a substituição de profissionais de saúde não contemple os médicos.
A Lusa contactou a administração do Hospital Garcia de Orta e o Ministério da Saúde, mas não obteve qualquer resposta.
No início de Fevereiro, a OM denunciou a falta de médicos na urgência pediátrica do Garcia de Orta, avisando que o serviço corria o risco de fechar durante o período nocturno e que já estava a funcionar “em cima da linha vermelha”.
No mesmo dia, a ministra da Saúde assegurou que o encerramento nocturno da urgência pediátrica estava “fora de questão", mas reconheceu o problema da falta de médicos e a dificuldade que isso provocava na elaboração das escalas de serviços.
Na altura, Marta Temido recordou que estava a decorrer o concurso para colocar no Serviço Nacional de Saúde recém-especialistas e que o Garcia de Orta tinha duas vagas atribuídas que poderiam ajudar a resolver o problema da urgência pediátrica.
As denúncias da OM surgem depois do bastonário, do presidente da secção regional do Sul e de outros elementos da Ordem terem visitado, em Janeiro, o Garcia de Orta e reunido com profissionais e também com a administração.