Nando Reis: “Toda a minha relação com a música está baseada no violão”
Depois de Trinca de Ases, com Gal e Gil, o ex-Titã Nando Reis regressa em solo absoluto, só voz e violão, com um espectáculo que tem sido um êxito no Brasil. Esta quinta-feira no Coliseu de Lisboa (às 22h) e 7 de Abril no Coliseu do Porto.
Um ano depois de se apresentar em Portugal com Gal Costa e Gilberto Gil, no projecto Trinca de Ases, o cantor e compositor Nando Reis está de volta com um espectáculo de voz e violão, em solo absoluto. Apresenta-o já esta quinta-feira no Coliseu do Recreios em Lisboa e dia 7 de Abril no Coliseu do Porto (ambos às 22h). Entre os dois concertos, andará por mais palcos europeus: primeiro Amesterdão, e depois Paris, Londres, Galway, Dublin e Barcelona.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Um ano depois de se apresentar em Portugal com Gal Costa e Gilberto Gil, no projecto Trinca de Ases, o cantor e compositor Nando Reis está de volta com um espectáculo de voz e violão, em solo absoluto. Apresenta-o já esta quinta-feira no Coliseu do Recreios em Lisboa e dia 7 de Abril no Coliseu do Porto (ambos às 22h). Entre os dois concertos, andará por mais palcos europeus: primeiro Amesterdão, e depois Paris, Londres, Galway, Dublin e Barcelona.
Cantor e compositor, nascido em São Paulo a 12 de Janeiro de 1963, Nando Reis foi durante duas décadas baixista da banda de rock Titãs, que abandonou em 2001 para se dedicar por inteiro a uma carreira a solo, onde este espectáculo se integra, como ele explica ao PÚBLICO, por telefone, antes de viajar para Portugal: “Por mais que possa parecer distante daquilo que eu fiz nos Titãs ou mesmo na minha carreira a solo, toda a minha relação com a música está baseada no violão. Então pode ser um trabalho estranho aos olhos do público, mas não a mim. Inclusive o instrumento com que tenho mais familiaridade é o violão, no trabalho de composição, mais do que o contrabaixo que eu toquei durante vinte anos nos Titãs.”
Um convite, por acaso
Em 2014, o Sesc Pompéia, de São Paulo, convidou-o a integrar o projecto Sala de Estar, o que veio a acontecer em 2015. “A ideia desse show, que sempre tive vontade de fazer mas nunca havia tido a oportunidade, surgiu um pouco por acaso, quando fui convidado a fazer um show despojado, apresentando-me como se estivesse tocando numa sala da minha própria casa.” E assim foi. “Eu fiz esse show, durante quatro dias [de 26 de Fevereiro a 1 de Março], para umas 600 ou 800 pessoas, e foi um sucesso de público, um show muito interessante, onde as pessoas se empatizaram com o facto de eu estar apresentando um material de minha autoria mas que não estava presente nos meus shows porque não tinha sido gravado por mim.”
A partir daí, recebeu outro convite, desta vez do Citibank Hall, com capacidade para 3500 pessoas, para apresentar o mesmo espectáculo. “Eu até hesitei, porque a sala é muito grande e não sabia se se prestava a isso. Mas correu muito bem, tivemos dois dias lotados, e achei que era uma oportunidade única de gravar.” Gravou, lançou o disco, e começou uma digressão para promovê-lo, multiplicando assim o espectáculo por vários palcos. “É muito prazeroso e é uma oportunidade, para mim, de tocar em casas diferentes e apresentar parte do meu repertório que poucas vezes eu levo ao palco, inclusive músicas que eu nunca havia cantado.”
O disco que Nando editou tem por título Volume 1 – No Recreio. Mas não há um volume 2: “Quando eu pus volume 1, era para abrir a possibilidade de ser uma série paralela. Já que sou dono da minha própria gravadora, posso fazer o que bem entender. Mas de facto não tenho nenhum volume 2 neste momento, embora tenha gravados dois shows de voz e violão, que são diferentes e que nunca ouvi. Pode ser que um dia ache interessante editá-los.”
Gravar Roberto Carlos
Em palco ouvem-se canções conhecidas e outras menos. “Incluo músicas de todos os discos, que neste formato voltam à sua essência. Porque, por mais que algumas canções possam ter uma personalidade mais forte, mais pesada, a minha composição se dá em cima da melodia e da letra e quase tudo se presta a isso.” Quanto aos temas escolhidos, há um princípio que o rege: “Fiz há dois anos uma pequena tournée nos Estados Unidos, aí com banda, e percebi que, mesmo com o Trinca de Ases, há um elemento catártico de brasileiros quando vão ouvir música brasileira morando fora do país. É claro que essa catarse se dá particularmente nas músicas que as pessoas conhecem. E esse é um elemento de que não vou abrir mão, principalmente nesta primeira tentativa de tocá-lo na Europa.”
Tentativa que antecipa novo trabalho: “Acabei de gravar um disco com canções de repertório de Roberto Carlos e já lancei o primeiro single [Amada amante]. É muito interessante, muito surpreendente e foi um desafio muito grande, tendo em conta o tamanho da obra de Roberto Carlos e a importância que ele tem no Brasil e fora dele. Assim que eu voltar da Europa, vou preparar o lançamento desse disco e a nova tournée, que deve começar em Junho.”
O título do disco é este: Não Sou Nenhum Roberto Mas Às Vezes Chego Perto. “É o verso de uma música que eu fiz para Cássia Eller e ela gravou, Nenhum Roberto. E a tournée vai se chamar Esse Amor Sem Preconceito.” E é sem preconceitos que vamos ouvi-lo antes, a solo.