Investigador da PJM substituído por Vasco Brazão antes do achamento do material de Tancos
Actual director da Judiciária Militar afirma não ter encontrado na sua polícia nenhum memorando sobre o achamento de parte do armamento furtado.
O investigador da Polícia Judiciária Militar (PJM) que estava de piquete na semana do assalto a Tancos, em 28 de Junho de 2017, e que acompanhou de início as investigações, foi substituído a um mês do achamento do material furtado na Chamusca pelo major Vasco Brazão, ex-porta-voz daquela polícia, e um dos acusados pelo Ministério Público de encobrimento. Esta quarta-feira, na 27.ª audição da comissão parlamentar, foi o director da PJM quem revelou este facto.
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O investigador da Polícia Judiciária Militar (PJM) que estava de piquete na semana do assalto a Tancos, em 28 de Junho de 2017, e que acompanhou de início as investigações, foi substituído a um mês do achamento do material furtado na Chamusca pelo major Vasco Brazão, ex-porta-voz daquela polícia, e um dos acusados pelo Ministério Público de encobrimento. Esta quarta-feira, na 27.ª audição da comissão parlamentar, foi o director da PJM quem revelou este facto.
“A investigação quando começou tinha um investigador-chefe, o capitão João Bengalina, que estava de piquete nessa semana [do roubo] e que acompanhou a investigação, posteriormente deixou de ser o investigador-chefe e passou a ser o major Brazão”, começou por afirmar o capitão-de-mar-e-guerra Paulo Isabel. A resposta foi mais tarde desenvolvida.
“Por sugestão do director da PJM [coronel Luís Vieira] foi de férias”, adiantou para, depois, precisar: “Tanto quanto sei, e foi-me comunicado pelo próprio, era habitual o capitão Bengalina gozar as férias naquele período do ano.” Contudo, o oficial explicitou: “O capitão Bergalina percepcionou quando voltou que a ele, que era o chefe da investigação, nem toda a comunicação lhe estava a ser dada”, relatou o oficial.
Pelo que o capitão da PJM deixou o caso Tancos e passou à investigação de outros processos. “Foi em Agosto/Setembro que tal ocorreu, que ele sentiu que lhe estava a ser sonegada informação”, prosseguiu o actual responsável da Judiciária Militar. Este calendário tem uma interessante peculiaridade. Foi em Outubro de 2017 que teve lugar o achamento do material roubado na Chamusca. O que, posteriormente, leva às investigações da PJ e do Ministério Público que desembocam, mais tarde, na Operação Húbris.
É no âmbito destas diligências, em Dezembro de 2018, que, entre outros, são detidos o coronel Luís Vieira e o major Vasco Brazão, acusados de encobrimento do roubo e da descoberta do material e é renovada a cúpula da PJM com os seus afastamentos. O capitão-de-mar-e-guerra fez outra revelação. Do tão falado memorando destes factos que teria sido entregue ao general Martins Pereira, chefe do gabinete do então ministro Azeredo Lopes, por Vieira e Brazão não há registos nem rasto.
“Não encontrámos nenhum memorando na PJM”, afirmou o director daquele órgão de polícia criminal. “Não é normal haver memorandos sem timbre e assinatura”, acrescentou. Recorda-se que numa das versões do ocorrido, ao general Martins Pereira teria sido entregue um documento pelos então responsáveis da PJM relatando o sucedido no processo de achamento.
O oficial Paulo Isabel demarcou-se do modus operandi denunciado pelo Ministério Público quanto à policia que agora dirige. “O que se passou é, na opinião de todos, inadmissível”, repetiu, de diversas formas, referindo-se aos obstáculos colocados à PJ e relatados na véspera por Luís Neves, director nacional da Judiciária. Os suspeitos estão a braços com um processo mas os que abandonaram a PJM e voltaram aos seus ramos de origem não estão a ser objecto de qualquer processo disciplinar. “Tal competência cabe aos ramos”, explicitou.