Fogos mobilizaram mais de 1600 operacionais. Governo decreta “situação de alerta” até domingo
Oliveira de Azeméis foi um dos municípios afectados pelas chamas. “Perdemos uns 12 mil euros de madeira mas o importante são as casas", desabafava moradora.
Pelas 20h30 o site da Protecção Civil fazia o balanço do dia. E não parecia um dia de Primavera: registaram-se nesta terça-feira 135 incêndios rurais no continente, que mobilizaram 1630 operacionais, quase 500 meios terrestres e quatro aéreos. Os distritos do Porto, Braga e Aveiro concentraram o maior número de ocorrências: 28, 27 e 19, respectivamente.
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Pelas 20h30 o site da Protecção Civil fazia o balanço do dia. E não parecia um dia de Primavera: registaram-se nesta terça-feira 135 incêndios rurais no continente, que mobilizaram 1630 operacionais, quase 500 meios terrestres e quatro aéreos. Os distritos do Porto, Braga e Aveiro concentraram o maior número de ocorrências: 28, 27 e 19, respectivamente.
Os próximos dias são de “situação de alerta”, por causa do risco de incêndio. O Governo assinou o despacho a determinar que assim seja: “Face às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para um significativo agravamento do risco de incêndio florestal no território do continente, e considerando a decisão da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, que determinou a passagem do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais ao Estado de Alerta Especial Amarelo em todos os distritos, os ministros da Administração Interna e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural assinaram hoje o despacho que determina a Declaração da Situação de Alerta”, lia-se no comunicado enviado às redacções.
Prevista na Lei de Bases de Protecção Civil, a “situação de alerta”, que se prolongará até domingo, obriga à adopção de medidas “de carácter excepcional”, como a “elevação do grau de prontidão e resposta operacional da GNR e PSP”, o reforço de meios para operações de vigilância, fiscalização e “apoio geral às operações de protecção e socorro”, proibição de queimadas e dispensa de trabalhadores, quer do sector público, quer do privado, que desempenhem funções de bombeiro voluntário.
No município de Oliveira de Azeméis, o fogo lavrou com muita intensidade. António Xistra ainda não tinha conseguido chegar à propriedade florestal que a filha tem em Valemadeiros mas já sabia que o fogo tinha destruído tudo. “Perdemos uns 12.000 euros de madeira mas o importante são as casas”, reagia a filha, Marta Soares. Chegou a temer pela sua habitação, com receio que “as fagulhas chegassem ao grande silvado” que está nas traseiras da casa, situada no centro da freguesia de Palmaz.
No combate às chamas chegaram a estar envolvidos três meios aéreos e mais de uma centena de viaturas. Os bombeiros tiveram o seu trabalho dificultado pelo vento e também “pelos difíceis acessos”, reparou Fernando Maciel, segundo-comandante dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis.
Às 19 horas, o ponto de situação no terreno ainda motivava alguma apreensão. “Temos uma frente, no Curval, a causar preocupação”, referia o comandante, numa altura em que contava com 415 homens e aguardava a vinda de “mais um grupo de bombeiros de Lisboa”. A ideia era apostar num “ataque musculado” para ganhar tempo face às “previsões de rajadas de vento para a noite”, explicava Fernando Maciel.
Pelas 23h o incêndio em Oliveira de Azeméis, que chegou a ser combatido por 436 bombeiros, foi dado como dominado pelo comando das operações.
"Limpeza de terrenos muito aquém"
Com as chamas ainda a lavrar Susana Mortágua, presidente da União de Freguesias de Pinheiro da Bemposta, Palmaz e Travanca, desconhecia a dimensão da área ardida, mas não lhe era difícil adivinhar que já tinham ardido “uns bons hectares”. “A freguesia tem uma área florestal muito grande, em especial Palmaz, que foi muito atingida”, declarava a autarca ao PÚBLICO.
Preferia, contudo, destacar o facto de “não haver registo de feridos, nem casas atingidas pelo fogo”. Um pouco como fez Marta Soares. “Claro que temos pena da madeira ter ardido, estava a dois ou três anos de ser vendida, mas se fossem as casas é que era mau”, testemunhava. O pai, que era quem tomava conta da propriedade, garante que o terreno estava limpo. Ao contrário de outros. “Nem todos estão limpos, não”, lamentava.
A presidente da união de freguesias também considera que “a limpeza de terrenos está muito aquém do desejável, pelo menos junto às habitações”. O fogo, que deflagrou cerca das 3h30, veio demonstrar, segundo a autarca, que a lei tem de ser cumprida. Marta Soares também tem esperança que, perante o sucedido, o silvado que lhe causou tanta preocupação seja limpo. Com Andreia Sanches