PS saúda número “histórico” do défice, direita e BE apontam falhas

PSD e CDS reconhecem a consolidação orçamental como positiva mas lembram que foi feita à custa do investimento nos serviços públicos.

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Centeno contente, oposição nem por isso LUSA/ANDRÉ KOSTERS

O PS congratulou-se com o número do défice público de 2018 – que caiu para 0,5% do PIB – ao considerar que é um “resultado histórico” e o melhor “desde o 25 de Abril”, nas palavras de João Paulo Correia, vice-presidente da bancada socialista. Já à direita e à esquerda do PS, a leitura é outra: BE lembra que esses resultados são alcançados à custa dos serviços públicos. PSD e CDS acrescentam que houve um recorde de impostos no ano passado.

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O PS congratulou-se com o número do défice público de 2018 – que caiu para 0,5% do PIB – ao considerar que é um “resultado histórico” e o melhor “desde o 25 de Abril”, nas palavras de João Paulo Correia, vice-presidente da bancada socialista. Já à direita e à esquerda do PS, a leitura é outra: BE lembra que esses resultados são alcançados à custa dos serviços públicos. PSD e CDS acrescentam que houve um recorde de impostos no ano passado.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, João Paulo Correia salientou que o défice de 0,5% foi alcançado “sem o Governo deixar cair qualquer promessa eleitoral”, “sem aumentar impostos”, e “sem cortes na despesa”. São “números das boas contas públicas, números históricos para o nosso país”, disse o deputado, salientando que o “investimento público aumentou 12% em 2018”.

Nem o PSD nem o CDS quiseram desvalorizar os números do défice de 2018, mas apontaram que resultam de uma conjuntura favorável e que foram alcançados com “impostos máximos e serviços públicos mínimos”. António Leitão Amaro, vice-presidente da bancada do PSD, considera que a consolidação orçamental “é positiva mas modesta” já que o caminho escolhido pelo Governo para atingir esse objectivo “é errado”. Para o social-democrata não faz sentido falar em milagre como fez o ministro das Finanças, Mário Centeno. “O milagre é carga fiscal máxima e investimento e serviços públicos mínimos”, afirmou. António Leitão Amaro sublinhou ainda duas preocupações: o ritmo da consolidação orçamental “é menos de metade” do que ocorreu na legislatura anterior e resultou de efeitos conjunturais da política monetária.

Numa mensagem semelhante, o centrista João Almeida sublinhou que os resultados foram obtidos na “melhor conjuntura desde a entrada da moeda única”. “Não negamos a realidade”, disse o porta-voz do CDS-PP, embora sublinhe que há um “recorde de impostos e serviços mínimos”. O deputado considerou que a tendência decrescente do défice foi um caminho iniciado e consolidado na anterior legislatura e que por isso considera “absurdo” o Governo reclamar ter sido um trabalho feito apenas dos últimos quatro anos.

Pelo BE, o discurso ficou próximo do que foi transmitido pela direita. Mariana Mortágua tentou contrariar a mensagem das “contas certas” ao dizer que “quando há dinheiro a mais quer dizer que o Governo não está a cumprir o Orçamento de Estado”. A folga de mais de mil milhões de euros (correspondente aos 0,5% do défice registado em 2018) “não são contas certas, não é um Orçamento bem gerido”, disse. A deputada do BE lembrou que o primeiro-ministro alegou não poder intervir na IP3 para melhorar a segurança da via porque é preciso dinheiro para as progressões nas carreiras dos professores. “Podemos perguntar porque não fez ambos já que há uma folga de mil milhões de euros”, disse, lembrando ainda o baixo investimento público.