Google Arts & Culture estreia-se na gastronomia e escolhe Espanha para exposição online
É a primeira vez que o "museu" da Google cria mostra sobre a cultura gastronómica de um país. Receitas e produtos, história e produtores, cozinhas e chefs, com Ferràn Adriá em destaque. É Espanha, uma cozinha aberta.
Espanha, uma cozinha aberta, o novo projecto que o Google Arts & Culture desenvolveu com a Real Academia de Gastronomia em Espanha, é uma viagem pela comida, os produtos e a cozinha espanholas que vai dos mercados à alta gastronomia, da tortilha de batatas e dos croquetes até aos cadernos criativos de Ferràn Adriá, o mítico chef do já encerrado restaurante elBulli, cuja história é aqui revisitada, e o homem que lançou a cozinha espanhola (e a mundial) num mundo nunca antes explorado.
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Espanha, uma cozinha aberta, o novo projecto que o Google Arts & Culture desenvolveu com a Real Academia de Gastronomia em Espanha, é uma viagem pela comida, os produtos e a cozinha espanholas que vai dos mercados à alta gastronomia, da tortilha de batatas e dos croquetes até aos cadernos criativos de Ferràn Adriá, o mítico chef do já encerrado restaurante elBulli, cuja história é aqui revisitada, e o homem que lançou a cozinha espanhola (e a mundial) num mundo nunca antes explorado.
Trata-se, garante o material de divulgação, “da exposição online mais abrangente sobre a gastronomia espanhola realizada até ao momento e a primeira vez que o Google Arts & Culture se debruça sobre a cultura gastronómica de um país para uma exposição”.
Quem tiver um fascínio por chefs com estrelas Michelin, pela alta cozinha e por ideias que põem em causa tudo o que pensávamos saber sobre comida, pode ir directamente aos cadernos de Adrià e tentar perceber como se desenvolve o pensamento teórico sobre a comida – isto se o conseguir fazer a partir de uma série de notas caóticas, listas de combinações de ingredientes e desenhos que parecem feitos por uma criança. Que há genialidade ali, já sabemos, mas não é fácil reconstituir o fio do pensamento. Para ajudar, há ainda um conjunto de vídeos onde o próprio Adrià responde a um desafio de jovens criativos.
Pode depois prosseguir essa viagem pelo trabalho e a história de todos os outros chefs que, influenciados por Adriá, transformaram a cozinha espanhola nas últimas décadas, dos irmãos Roca do El Celler de Can Roca, a Elena Arzak, passando por Andoni Luiz Aduriz, do Mugaritz. Em certos casos (e Espanha é um bom exemplo disso) estes cozinheiros pertencem a famílias (os Roca são irmãos e filhos de donos de um restaurante, Elena é filha de outro chef histórico, Juan Mari Arzak) e essa coincidência é pretexto para outra “entrada” do site.
Mas dificilmente se perceberá a revolução que aconteceu na cozinha espanhola se não se conhecer a história da cozinha em Espanha, e também aí há muito a explorar neste site. Em primeiro lugar, os produtos, para os quais existe um mapa que mostra de que região vêm os mais suculentos mexilhões ou as melhores conservas de peixe, e que ajuda a perceber a grande variedade que existe em Espanha, com destaque para algumas “estrelas” como o presunto ou o azeite. E depois, o receituário, também separado por regiões, que passa pela história de alguns pratos mais icónicos, do gaspacho à paella valenciana, numa secção dividida entre vegetais, carne e peixe e marisco, com fotos mostrando a preparação de diversos pratos.
E porque Espanha influenciou o mundo, tal como se deixou influenciar por ele, há uma explicação da “globalização” desta gastronomia, com as profundas ligações que, naturalmente, tem com a América Latina – aqui encontramos, entre outros materiais, um texto de Rafael Ansón, presidente da Real Academia Espanhola de Gastronomia, explicando o que é a Cozinha da Liberdade: “Sob a influência de Espanha, a gastronomia deixou de ser um prazer sensorial apenas para uns quantos privilegiados, e tornou-se uma das mais importantes actividades para muitas pessoas no século XXI”, escreve Ansón.
Por isso, Espanha, uma cozinha aberta reconhece também o papel fundamental dos produtores e dá-nos a conhecer padeiros, queijeiros e outros a quem chama “heróis de todos os dias”. Sem eles, e sem os vibrantes mercados onde vendem os seus produtos, não seria possível que o universo da gastronomia explorasse outras possibilidades e se cruzasse com a arte ou a arquitectura (e também sobre estas fusões existe aqui muito material). Uma das mais clássicas é a do vinho com a arquitectura – e não faltam em Espanha exemplos de adegas que atraem visitantes amantes de vinho e apaixonados por arquitectura (o site dá a conhecer várias delas).
É sob o lema “um prato sabe melhor quando conhecemos a sua história” que se apresenta esta iniciativa – uma forma de projectar ainda mais a cozinha espanhola a nível internacional e um exemplo do que outros países, nomeadamente Portugal, poderiam fazer, juntando gastronomia, turismo e cultura.
Site: Spain: An Open Kitchen