A justiça norte-americana e os advogados de Jussie Smollett confirmaram esta terça-feira que o actor da série Empire já não irá responder em tribunal por 16 crimes relacionados com a alegada simulação de um ataque racista e homofóbico de que teria sido alvo em Chicago, na noite de 28 para 29 de Janeiro. Smollett tinha sido acusado pela procuradoria estadual de ter contratado dois homens para encenar o ataque e, a 21 de Fevereiro, entregou-se à polícia.

A justiça norte-americana e os advogados de Jussie Smollett confirmaram esta terça-feira que o actor da série Empire já não irá responder em tribunal por 16 crimes relacionados com a alegada simulação de um ataque racista e homofóbico de que teria sido alvo em Chicago, na noite de 28 para 29 de Janeiro. Smollett tinha sido acusado pela procuradoria estadual de ter contratado dois homens para encenar o ataque e, a 21 de Fevereiro, entregou-se à polícia.

“Depois de analisar todos os factos e circunstâncias do caso, acreditamos que esta é uma solução justa e apropriada”, anunciou a procuradoria. O processo foi arquivado.

No âmbito do acordo, Smollett aceitou prescindir de um décimo dos 100 mil dólares que tinham sido pagos como caução para permanecer em liberdade condicional após a detenção em Fevereiro, disse a advogada do actor, Patricia Brown Holmes. “Foi o desfecho correcto neste caso. Estamos muito felizes com este resultado e estamos muito ansiosos para que o Jussie prossiga a sua carreira e a sua vida”, disse.

Smollett, por seu turno, reiterou a sua inocência. “Tenho sido honesto e coerente a todos os níveis desde o primeiro dia. Não me consideraria um filho da minha mãe se fosse capaz de inventar sobre aquilo de que me acusam”, disse o actor em declarações aos jornalistas, citadas pelo jornal britânico The Guardian. “Tem sido um dos momentos mais difíceis da minha vida. Sou um homem de fé e que conhece a história. Não colocaria a minha família e as suas vidas numa situação destas”, acrescentou.

Homossexual assumido, Smollett tinha dito que foi abordado por dois homens que o insultaram, espancaram e, numa alusão ao linchamento de homens negros na América no final do século XIX e início do século XX, ter-lhe-iam posto um nó de corda ao pescoço.

O actor acrescentou mais tarde que os agressores teriam também gritado que o palco do ataque, em Chicago, era “território MAGA”, referindo-se ao lema de campanha de Donald Trump, “Make America great again”.

Mas o relato de Smollett suscitou muitas dúvidas às autoridades e à imprensa. A 13 de Fevereiro, dois irmãos nigerianos que tinham trabalhado como figurantes em Empire, Olabinjo e Abimbola Osundairo, foram detidos por suspeita da autoria do ataque, sendo libertados dois dias depois, explicando às autoridades, segundo a CNN, que o actor lhes teria pago para simular o ataque. Os advogados de Smollett justificaram na altura o pagamento com serviços de nutrição e treinos físicos que os irmãos Osundairo teria prestado ao actor.

A polícia de Chicago passou então a acreditar que Smollett inventou o ataque para conquistar atenção mediática e forçar um aumento do seu salário pela participação em Empire. As autoridades acusaram o actor de se autopromover à custa do problema real do racismo.

Em reacção à decisão desta terça-feira, o superintendente da polícia de Chicago, Eddie Johnson, declarou que a força policial ficou surpreendida com o veredicto. “Acham que a justiça serviu a cidade? Não”, afirmou o oficial.

O presidente da Câmara de Chicago, Rahm Emanuel, declarou-se furioso com a decisão e questionou: “como é que Jussie Smollett ainda se atreve a dizer que está inocente?”. “Existe decência neste homem? É uma pessoa que foi libertada sem noção da responsabilidade do erro moral e ético de suas acções”, afirmou o autarca.