A Primavera Europeia quer recuperar e não desintegrar a UE
Yanis Varoufakis e Rui Tavares apresentam em Bruxelas o manifesto da primeira coligação transnacional europeia: um novo "New Deal" que deixe a austeridade definitivamente para trás.
A Primavera Europeia, primeira plataforma transnacional da Europa da qual faz parte o partido Livre, deu esta segunda-feira o tiro de partida da sua campanha para as eleições europeias, com o objectivo declarado de conquistar espaço suficiente para organizar o seu próprio grupo político progressista no próximo Parlamento Europeu e de lançar o seu próprio candidato à liderança da Comissão Europeia. “Não por ter um grande desejo de ser o próximo presidente da Comissão Europeia, mas por acreditar no sistema de eleição directa democrática do líder”, admitiu o Spitzenkandidat (ou cabeça de lista) do movimento, Yanis Varoufakis.
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A Primavera Europeia, primeira plataforma transnacional da Europa da qual faz parte o partido Livre, deu esta segunda-feira o tiro de partida da sua campanha para as eleições europeias, com o objectivo declarado de conquistar espaço suficiente para organizar o seu próprio grupo político progressista no próximo Parlamento Europeu e de lançar o seu próprio candidato à liderança da Comissão Europeia. “Não por ter um grande desejo de ser o próximo presidente da Comissão Europeia, mas por acreditar no sistema de eleição directa democrática do líder”, admitiu o Spitzenkandidat (ou cabeça de lista) do movimento, Yanis Varoufakis.
Numa conferência de imprensa em Bruxelas, o economista e ex-ministro das Finanças grego que é o principal rosto do movimento (Varoufakis corre por um lugar de eurodeputado nas listas do DiEM25 na Alemanha) justificou o carácter pan-europeu da coligação, sublinhando que é a única que concorre com “um programa abrangente e coerente” que foi desenvolvido colectivamente pelos 14 partidos que estão na sua fundação — um documento de 43 páginas, com “respostas precisas a perguntas precisas”; “um programa único para todos os países da União Europeia, em vez de não-soluções nacionais”, distinguiu.
“Colocámo-nos as questões mais pertinentes e encontrámos colectivamente as soluções”, explicou, dizendo que a diferença para outros agrupamentos é que, quando toca a responder às perguntas difíceis, “eles não conseguem concordar uns com os outros”.
A esse programa colectivo comum chamaram um novo “New Deal” para a Europa, que segundo Varoufakis se caracteriza por um “pragmatismo construtivo”. Que alguns até poderão definir como revolucionário, admitiu, mas apenas na medida em que tudo o que lá está proposto “pode começar a ser implementado no dia seguinte às eleições”, pelas instituições europeias já existentes, e em concordância com os tratados europeus em vigor.
“Nós não defendemos a desintegração europeia, pelo contrário, o que nós queremos é recuperar as instituições”, referiu. “Combinamos um europeísmo entusiástico com a crítica cáustica do funcionamento da UE. Mas o nosso coração sangra quando vemos como a UE se desintegra com o autoritarismo”, completou.
Para Rui Tavares, a Primavera Europeia é a única plataforma que mobiliza os cidadãos para o combate a dois tipos de autoritarismos que acabam por se tocar e até sobrepôr na forma como se fazem representar na actual bancada maioritária do Partido Popular Europeu. “Estou a falar do autoritarismo dos xenófobos e nacionalistas e dos defensores da TINA [There Is No Alternative], que dizem não haver alternativa à austeridade”, elaborou.