César desabafa que PS teve de trabalhar “às vezes muito penosamente” com PCP e BE

“Foi uma legislatura trabalhosa porque contamos com a negação da oposição e a negação da posição”, afirmou o líder parlamentar e presidente do PS num jantar em Nisa.

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LUSA/ANDRÉ KOSTERS

O líder parlamentar do PS admitiu neste domingo que, desde 2015, os socialistas tiveram de “trabalhar o dobro” e “muito penosamente” com aqueles que “dizem apoiar” o Governo, mas disse estar “muito orgulhoso” com os resultados. O desabafo de Carlos César foi feito num discurso num jantar com militantes, em Alpalhão, Nisa, na abertura das jornadas de proximidade em Portalegre.

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O líder parlamentar do PS admitiu neste domingo que, desde 2015, os socialistas tiveram de “trabalhar o dobro” e “muito penosamente” com aqueles que “dizem apoiar” o Governo, mas disse estar “muito orgulhoso” com os resultados. O desabafo de Carlos César foi feito num discurso num jantar com militantes, em Alpalhão, Nisa, na abertura das jornadas de proximidade em Portalegre.

O balanço da legislatura, em que o Governo minoritário do PS teve o apoio da esquerda parlamentar, foi feito por César com palavras duras, tanto para a direita, PSD e CDS, como com críticas indirectas aos parceiros da esquerda, PCP, BE e PEV, que nunca mencionou abertamente. “Foi uma legislatura trabalhosa por que contamos com a negação da oposição e a negação da posição. Perceberam...”, afirmou o líder parlamentar e presidente do PS no seu discurso.

Depois, explicou os motivos de tanto trabalho nos últimos quase quatro anos. “Tivemos o dobro do trabalho, porque tivemos que trabalhar, como é nossa obrigação, com aqueles que se nos opõem e tivemos que trabalhar, às vezes muito penosamente, com aqueles que nos dizem apoiar”, acrescentou, para logo fazer subir o tom de voz e dizer que os socialistas estão “muito orgulhosos” do trabalho do Governo.

Carlos César não deu uma resposta directa ao PSD e ao Bloco de Esquerda, que colocaram na agenda política e mediática as relações familiares entre membros do Governo, como é o caso, por exemplo, dos ministros Eduardo Cabrita e Ana Paula Vitorino (marido e mulher) e José Vieira da Silva e Mariana Vieira da Silva (pai e filha).

No sábado, em entrevista à Lusa, o cabeça de lista do PSD às europeias, Paulo Rangel, defendeu que o Presidente da República já devia ter avisado o primeiro-ministro para não repetir o que chama de “promiscuidades familiares” no Governo.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, aconselhou no domingo o Governo e o Partido Socialista a reflectirem sobre a prática de ocupação de cargos públicos por “pessoas com muitas afinidades”.

Em Portalegre, o presidente dos socialistas pediu aos militantes que “não se perturbem com os ataques” que “são feitos” aos socialistas, “vindos de todos os lados, como é próprio de um tempo pré-eleitoral”. “Todos” significa “jovens, mulheres, homens, casais e famílias”, porque “os socialistas quando vão a um comício, só para dizer que não trazem as famílias, não deixam a mulher ou o homem em casa” e “vêm todos”, disse o líder da bancada socialista, causando alguns sorrisos na sala.