Criar arte com lixo dá prémios no ArtZero
A iniciativa quer consciencializar para o desperdício e para a sustentabilidade através da “participação activa” e da criação de obras de arte. Há prémios para os melhores trabalhos e palestras sobre o tema no Mercado de Arroios, em Lisboa. Inscrições até 28 de Março.
“Muitas coisas que são consideradas ‘lixo’ ainda têm um grande valor.” É esta a premissa do ArtZero, um concurso que quer “desafiar a população de Lisboa” a criar peças de arte a partir de embalagens de plástico usadas e de outros resíduos. O mote? Promover a adopção de comportamentos mais sustentáveis, convidando os participantes a envolver-se activamente no tema e a pôr – literalmente – as mãos no lixo. Com conversas, uma acção de limpeza de praia e, claro, criações artísticas.
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“Muitas coisas que são consideradas ‘lixo’ ainda têm um grande valor.” É esta a premissa do ArtZero, um concurso que quer “desafiar a população de Lisboa” a criar peças de arte a partir de embalagens de plástico usadas e de outros resíduos. O mote? Promover a adopção de comportamentos mais sustentáveis, convidando os participantes a envolver-se activamente no tema e a pôr – literalmente – as mãos no lixo. Com conversas, uma acção de limpeza de praia e, claro, criações artísticas.
No final, há prémios para os trabalhos mais votados pelo júri (500 euros para o primeiro lugar e 300 euros para o segundo) e pelo público (a obra com mais votos recebe 100 euros e a segunda um kit zero waste da Maria Granel).
O objectivo é que os participantes “aprendam mais sobre o problema dos resíduos enquanto se envolvem no concurso”. Por isso, não basta pegar nos plásticos usados e criar peças de arte. É obrigatório marcar presença nas duas conversas que terão lugar no Mercado de Arroios, em Lisboa, e na acção de limpeza de praia no areal de Santo Amaro de Oeiras – iniciativas que estão abertas a quem não participe no concurso.
A primeira palestra acontece a 30 de Março e é focada na diminuição do lixo produzido no quotidiano. Eunice Maia, proprietária da mercearia Maria Granel, sobe ao palco para falar sobre redução de desperdício e sustentabilidade; enquanto Filipa Jordão, do projecto A Face Verde, vai dar dicas sobre como adoptar um “estilo de vida zero waste num contexto urbano”. Neste dia, serão ainda entregues aos participantes os materiais a utilizar na criação das obras.
Para o dia seguinte, 31 de Março, está agendada a sessão de limpeza na praia de Santo Amaro de Oeiras. E aqui o objectivo é mesmo juntar o maior número de pessoas — independentemente de participarem ou não no concurso. O evento vai ser organizado em parceria com a ROUTE Portugal e com o projecto É P'ra Amanhã e quer responder ao #trashtag challenge que está a invadir as redes sociais.
No final, os resíduos recolhidos na praia também podem ser utilizados nos trabalhos a concurso. Além destes materiais, conta Anna Masiello, principal promotora da iniciativa, “os participantes podem utilizar todos os resíduos de plástico que produzam” em casa durante o período do concurso. Mas, acrescenta: “Espero que ninguém produza lixo a mais só porque querem algumas coisas específicas”.
A 6 de Abril decorre a segunda sessão de conversas no Mercado de Arroios, com a participação de Ricardo Ramos, o antigo mariscador que recolhe plásticos na praia para com eles criar as peças de arte do projecto Xico Gaivota, e de Rui Dias, vencedor da primeira edição do ArtZero (decorreu no campus do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa no final do ano passado).
As inscrições, individuais ou em grupo (máximo de cinco pessoas), podem ser efectuadas no site do concurso até 28 de Março. Os trabalhos têm de ser entregues no dia 13 de Abril e os vencedores serão anunciados na festa de encerramento, marcada para 27 de Abril.
A iniciativa faz parte da tese de mestrado da italiana Anna Masiello do curso de Estudos do Ambiente e da Sustentabilidade no ISCTE-IUL. “A ideia surgiu quando estava a pensar em como fazer uma tese de mestrado que fosse mesmo útil para o problema dos resíduos e criasse um impacto na comunidade e nas pessoas”, conta a estudante ao P3. Anna acredita que as acções de educação ambiental convencionais têm-se revelado pouco eficazes a transformar comportamentos. “Muitas vezes criam apatia nas pessoas”, contrapõe.
Por isso, o ArtZero não é só um concurso, mas também uma forma de avaliar se a utilização de metodologias alternativas, como a arte e a participação activa, “funcionavam para criar comportamentos pró-ambientais”. No início e no fim do concurso, cada participante é convidado a responder a um questionário que servirá de base ao projecto de investigação.