TAP volta aos prejuízos com resultado negativo de 118 milhões de euros

Grupo liderado por Antonoaldo Neves subiu receitas mas não conseguiu evitar regresso aos prejuízos.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Depois de ter conseguido voltar aos lucros em 2017, após um jejum de vários anos, o grupo TAP voltou a registar prejuízos no ano passado: 118 milhões de euros. Valores que comparam com o resultado positivo do grupo de 21,2 milhões de 2017 (algo que não acontecia desde 2007).

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Depois de ter conseguido voltar aos lucros em 2017, após um jejum de vários anos, o grupo TAP voltou a registar prejuízos no ano passado: 118 milhões de euros. Valores que comparam com o resultado positivo do grupo de 21,2 milhões de 2017 (algo que não acontecia desde 2007).

Os dados foram apresentados esta manhã em conferência de imprensa pelo presidente executivo (CEO) da TAP, Antonoaldo Neves. Sobre o ano de 2018, Antonoaldo destacou a “grande pressão de custos”, mas afirmou que a empresa, mesmo assim, conseguiu manter a dívida controlada, tendo esta subido apenas 2% para 888 milhões de euros.

A empresa, destacou, na explicação dos resultados, a existência em 2018 de eventos extraordinários avaliados em 113 milhões de euros, que, líquidos de impostos, passam a 95 milhões. Assim, o resultado liquido sem efeitos extraordinários foi de 23 milhões de euros.

Dos efeitos extraordinários, 22 milhões de euros tiveram como principal foco indemnizações a passageiros por cancelamentos de voos (foram cancelados 2490 voos no ano passado), a que se somam outros 19 milhões para fretamento extraordinário de aviões fora da TAP (ao todo, 41 milhões). Depois, foram gastos 75 milhões para acções de reestruturação da empresa, onde se incluem 28 milhões para rescisões no negócio de manutenção no Brasil. Somados estes valores, chega-se a 116 milhões. O valor final de 113 milhões em efeitos extraordinários é encontrado quando se leva em conta o efeito positivo (de cerca de três milhões) de venda de um activo.

Aumentar

O Grupo TAP destaca ainda o significativo impacto da subida do preço do combustível, que afectou os resultados em 169 milhões.

Em contrapartida, a capacidade financeira da transportadora foi claramente beneficiada com o repatriamento de capitais que estavam retidos em Angola, no valor de 132 milhões de euros, contra os 21 milhões de 2017. Neste momento, estão ainda em Luanda 25 milhões. Ao todo, a caixa da TAP subiu 39% para 233 milhões no ano passado.

No primeiro semestre deste ano já tinha havido sinais de alerta, com um resultado negativo de 90 milhões de euros. De acordo com a informação então divulgada pela TAP, este valor incluiu gastos não recorrentes da ordem dos 40 milhões, devido, “sobretudo” a “irregularidades operacionais”, ou seja, a “atrasos e cancelamentos”, mas também na sequência da reestruturação da empresa de manutenção do Brasil, cuja operação em Porto Alegre foi encerrada e levou à saída de cerca de mil pessoas. Já na altura a TAP alertou também para a subida do preço dos combustíveis e para a “volatilidade nas moedas dos principais mercados da TAP”, como são o caso do Brasil e de Angola. Tudo factores que acabaram por afectar a subida de 18% das vendas, que chegaram nos primeiros seis meses do ano aos 1529,6 milhões de euros.