“PJM desempenha papel importante nas Forças Armadas”, diz Almeida Rodrigues
Ex-director da Polícia Judiciária destacou bom entendimento com a sua congénere militar e estranha desentendimentos no achamento do roubo de Tancos.
Almeida Rodrigues, ex-director Nacional da Polícia Judiciária (PJ), não desconsidera a sua homóloga militar. Nesta quinta-feira, em mais uma audição da comissão parlamentar de inquérito a Tancos, o homem que dirigiu a PJ durante dez anos, até há escassos nove meses, poucas novidades deu, porque a prática na direcção daquela polícia foi a delegação de funções.
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Almeida Rodrigues, ex-director Nacional da Polícia Judiciária (PJ), não desconsidera a sua homóloga militar. Nesta quinta-feira, em mais uma audição da comissão parlamentar de inquérito a Tancos, o homem que dirigiu a PJ durante dez anos, até há escassos nove meses, poucas novidades deu, porque a prática na direcção daquela polícia foi a delegação de funções.
“A Polícia Judiciária Militar [PJM] desempenha um papel importante no seio das Forças Armadas, a possibilidade de extinção não deve ser considerada”, disse o antigo director Nacional da PJ que, em duas horas de respostas, sempre fez referências sem azedume à Judiciária militar. Ao ponto de querer dar mais relevo à sua actuação. “A PJM devia ter assento na UCAT [Unidade de Coordenação Antiterrorista]”, propôs.
“A PJ ministrou formação à PJM, colaborámos em inúmeras investigações e sempre houve um excelente relacionamento”, relatou. “Não sei o que terá havido neste caso concreto para desentendimentos”, afirmou, estranhando o comportamento da Judiciária Militar aquando do achamento do material roubado nos paióis e ao seu transporte para Santa Margarida. Em ambas as situações, a PJ, a quem o Ministério Público tinha atribuído a investigação, foi posta de lado e aos seus agentes foi barrado o acesso, durante horas, ao armamento recuperado.
Almeida Rodrigues recordou ter havido uma sucessão de roubos de armas em instalações militares e da PSP – Quartel da Carregueira, dos Comandos, em 2010/2011, Arsenal do Alfeite (2011), Direcção Nacional da PSP, Janeiro de 2017 e Tancos, Junho de 2017-, sendo que só no caso dos paióis do Exército a investigação foi atribuída à PJ. Nas outras três situações entraram em campo a PJM na Carregueira e no Alfeite, e a investigação criminal da PSP no furto das 57 Glock. Mas deste facto recusou tirar ilações para os “encontrões” entre as polícias judiciárias militar e civil.
O ex-director da PJ explicou que delegava funções em 21 directores, pelo que não acompanhou as investigações de Tancos, da Unidade Nacional de Contra Terrorismo da PJ. Contudo, negou ter sido ele o autor da fuga de informação para a PJM, de que a sua congénere civil a estava a investigar, e anunciou processos para quem o afirmar.