Oposição a Maduro diz que chefe de gabinete de Guaidó foi “sequestrado”

Serviços secretos venezuelanos fizeram buscas nas casas de dois membros da oposição e um deles terá sido detido. Agentes acusados de "plantar armas" para os incriminar.

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A oposição ao Governo de Nicolás Maduro disse esta quinta-feira que os serviços secretos venezuelanos “invadiram” as casas de dois responsáveis próximos de Juan Guaidó e tentaram “plantar armas” para os incriminar.

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A oposição ao Governo de Nicolás Maduro disse esta quinta-feira que os serviços secretos venezuelanos “invadiram” as casas de dois responsáveis próximos de Juan Guaidó e tentaram “plantar armas” para os incriminar.

Um deles é Roberto Marrero, um advogado e chefe de gabinete de Juan Guaidó – o presidente da Assembleia Nacional que foi proclamado Presidente interino do país por essa câmara, onde a oposição a Maduro está em maioria.

O outro é Sergio Vergara, deputado na Assembleia Nacional e líder da bancada parlamentar do Vontade Popular – o partido liderado por uma das maiores figuras da oposição, Leopoldo López, e a que também pertence Juan Guaidó.

“Esta madrugada, o regime usurpador invadiu ilegalmente a minha residência e a de Roberto Marrero, chefe de gabinete do Presidente Juan Guaidó. Sequestraram-no e plantaram armas. A luta por uma Venezuela melhor continua. Este novo atropelo dá-nos força para seguirmos em frente”, disse Sergio Vergara no Twitter.

Segundo o testemunho de Vergara, pelo menos 15 agentes entraram em sua casa, atiraram-no ao chão, revistaram um armário e perguntaram-lhe onde vivia Roberto Marrero. O deputado recordou que tem imunidade parlamentar e que a acção dos agentes é “inconstitucional”.

Horas antes, também através do Twitter, Juan Guaidó tinha dito que Marrero e Vergara estavam “sequestrados” nas suas residências por agentes do SEBIN, os serviços secretos venezuelanos.

“Sequestraram o Roberto Marrero, meu chefe de gabinete. Ele denunciou de viva voz que plantaram duas espingardas e uma granada, disse o deputado Sergio Vergara, que é seu vizinho. O procedimento começou aproximadamente às 2h [7h em Portugal continental]”, disse Juan Guaidó na manhã desta quinta-feira.

“Desconhecemos o seu paradeiro. Ele tem de ser libertado de imediato”, afirmou Guaidó.

Outro deputado da oposição, Franklyn Duarte, disse que a sua residência também foi alvo de buscas. “É evidente que a ditadura continua a raptar cidadãos”, disse Duarte.

Um país, dois governos

Na qualidade de líder da Assembleia Nacional venezuelana, Juan Guaidó foi proclamado por essa câmara Presidente interino do país, em Janeiro, depois de Nicolás Maduro ter tomado posse para um segundo mandato presidencial.

Segundo a Assembleia Nacional, essa tomada de posse é inconstitucional porque considera as eleições presidenciais de 2018 ilegítimas – os candidatos da oposição não participaram e milhões de eleitores boicotaram a votação.

Antes disso, em 2017, o Supremo Tribunal venezuelano tinha declarado a Assembleia Nacional em “desacato” e validara a convocação de uma Assembleia Constituinte por Nicolás Maduro – o que, na prática, criou dois parlamentos no país, um de maioria da oposição e o outro controlado pelos apoiantes de Maduro.